Sábado – Pense por si

Em menos de seis anos, Estado pagou mais de um milhão e meio em indemnizações a reclusos

Lusa 17 de julho de 2025 às 13:23
As mais lidas

O Provedor de Justiça alertou para a possibilidade de o valor das indemnizações poder aumentar, uma vez que está também a crescer o número de queixas, que estão relacionadas com maus-tratos e falta de condições nas prisões.

Em menos de seis anos, o Estado português já pagou mais de um milhão e meio de euros em indemnizações a reclusos que avançaram com queixas no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).

D.R.

As contas foram feitas pelo Provedor de Justiça, que divulgou esta quinta-feira os números no seu relatório anual do Mecanismo Nacional de Prevenção, que foi entregue esta manhã à Assembleia da República e referente ao ano de 2024.

Desde a primeira indemnização paga em dezembro de 2019 até ao início de março de 2025 - um período de pouco mais de cinco anos -, o Estado português pagou 1.552.075 euros a reclusos que consideraram "que as condições de reclusão a que foram sujeitos no cumprimento de uma pena de prisão configuravam uma violação da proibição de tortura", lê-se no relatório do Provedor de Justiça.

Deste valor de mais de um milhão de euros, 18% - o equivalente a cerca de 273 mil euros - resultou de condenação do TEDH, 52% - ou seja, mais de 800 mil euros - resultou de acordo mútuo celebrado entre o Estado e o queixoso e 30% - cerca de 470 mil euros - de proposta apresentada pelo Estado português e aceite pelo TEDH.

Face a estes números, o Provedor de Justiça alertou para a possibilidade de o valor das indemnizações poder aumentar, uma vez que está também a crescer o número de queixas, que estão relacionadas com maus-tratos e falta de condições nas prisões. Este dinheiro "poderia ser investido numa melhoria das condições materiais do sistema prisional", lê-se no documento.

"O comité de ministros do Conselho da Europa tem convidado o Estado português, de forma premente, a envidar esforços concretos para implementar medidas de combate à sobrelotação, alertando que estas não podem reduzir-se à construção de novos edifícios", acrescentou o Provedor de Justiça no relatório entregue hoje no parlamento, a par do relatório de atividades deste organismo.

Este ano, o Provedor de Justiça fez 50 visitas de monitorização a locais onde se encontram pessoas em privação de liberdade, no sentido de avaliar as condições em que se encontram e que tratamento lhes é dado. Além da visita às 10 maiores cadeias do país, foram também feitas visitas aos seis centros educativos, centros de instalação temporária para estrangeiros e espaços equiparados, hospitais psiquiátricos e postos e zonas de detenção das forças policiais.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

Sinais do tempo na Justiça

A maioria dos magistrados não dispõe de apoio psicológico adequado, o que resulta em inúmeros casos de burnout. Se esta estratégia persistir, a magistratura especializada comprometerá a qualidade do trabalho, sobretudo na área da violência doméstica.

Hipocrisia

Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.

Urbanista

Insustentável silêncio

Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.