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"Em ditadura ninguém percebia os contornos das tragédias”

26 de julho de 2017 às 10:04
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O Presidente da República teceu comentários sobre a decisão do Ministério Público em divulgar a lista das vítimas em Pedrógão Grande

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evitou esta terça-feira comentar a divulgação, pela Procuradoria-Geral da Republica (PGR), da lista de mortos nos incêndios de Pedrógão Grande, por uma questão de respeito pela autonomia da Ministério Público (MP).

"Eu respeito a autonomia do Ministério Público", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante uma visita ao posto de comando da Protecção Civil em Mação, onde o Presidente chegou por volta das 21h30.

Quando questionado sobre se a divulgação da lista é uma forma de pôr fim à polémica que se gerou em torno dos números de vítimas mortais Marcelo respondeu: "Não comento. Como sabe, o Presidente da República respeita a autonomia do Ministério Público, que decide conduzir os seus inquéritos de forma autónoma. O Presidente, a última coisa que pode, é imiscuir-se no trabalho da justiça". "Há uma preocupação de respeitar e essa é uma diferença do Estado democrático para as ditaduras", concluiu Rebelo de Sousa.

Marcelo fez mesmo questão de recordar como as tragédias eram tratadas nos tempos da Ditadura do Estado Novo, como forma de mostrar a evolução que se verificou nesse sentido: "Em ditadura, lembro-me há 50 anos, era possível haver tragédias e nunca ninguém percebia bem quais eram os contornos das tragédias porque não havia um Ministério Público autónomo, juízes independentes e comunicação social livre. Em democracia há tudo isto", lembrou o Presidente da República.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta terça-feira, em comunicado, que se registaram, "até ao momento", 64 vítimas mortais nos incêndios de Pedrógão Grande, tendo divulgado a respectiva lista.

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