Sábado – Pense por si

Eleições: Aldeia de Cortiço associa-se ao protesto contra a mina em Montalegre

06 de outubro de 2019 às 11:44
As mais lidas

A manhã de legislativas registou uma tentativa de boicote em três mesas de voto das aldeias de Morgade, Cortiço e Arcos, no distrito de Vila Real.

Populares de Cortiço, em Montalegre, associaram-se hoje ao protesto contra a mina de lítio a céu aberto prevista para as proximidades desta aldeia, onde depois de uma tentativa de boicote se fez um apelo à abstenção nas legislativas.

Esta manhã verificou-se uma tentativa de boicote em três mesas de voto das aldeias de Morgade, Cortiço e Arcos, no concelho de Montalegre, distrito de Vila Real.

Fonte da GNR disse à agência Lusa que as fechaduras das portas onde estão instaladas as mesas de voto foram estragadas, mas que pelas 08:00 estavam a funcionar normalmente.

Em Morgade, depois das europeias, repete-se hoje um apelo à abstenção nas legislativas como forma de protesto contra a mina de lítio a céu aberto anunciada pela empresa Lusorecursos para esta freguesia que agrega as aldeias de Morgade, Carvalhais e Rebordelo.

Uns quilómetros mais à frente, em Cortiço, Freguesia de Cervos, os populares resolveram associar-se ao protesto e estão também a fazer um apelo à abstenção.

"Nós já não estávamos contentes e foi uma força extra quando chegamos e não conseguimos abrir a porta, porque alguém se revoltou e trancou a porta de maneira a que nós não pudéssemos entrar", afirmou Helena Rodrigues.

E continuou: "estamos preocupados desde que ouvimos falar na possibilidade de existir uma mina a céu aberto com as dimensões que estão previstas. Isso vai-nos atingir muito".

Esta popular destacou as consequências para a água e na qualidade de vida das populações.

"Eu não vivi cá durante muito tempo e optei por vir por cá. Nós somos seres humanos e temos os mesmos direitos", salientou.

Além da mina, Helena Rodrigues disse que a população está também revoltada com as obras para a rede de água que foram realizadas na aldeia e que "foram mal feitas" e sem "fazerem a rede de saneamento".

"Informamos as pessoas que têm direito a votar, mas até agora só votou uma pessoa", referiu, em declarações aos jornalistas cerca das 10:30.

Fernando Abel disse ainda estar a pensar se vai votar hoje, mas sublinhou estar muito preocupado com a "mina de lítio à porta de casa".

"O Interior é uma parte do país que se pode desenvolver, mas não é com minas de lítio. Vai-nos contaminar a todos, estas aldeias aqui vão ser todas contaminadas. Agora trabalhamos na agricultura e depois vamos trabalhar em quê", questionou.

Na mesa de voto de Cortiço estão inscritos 137 eleitores.

Em Montalegre, a Lusorecursos Portugal Lithium, empresa que em março assinou o contrato de concessão com o Estado para a mina do Romano (Sepeda), anunciou um plano de negócios de 500 milhões de euros, a criação de cerca de 500 postos de trabalho e a implementação de uma unidade industrial.

A empresa está em fase de elaboração do respetivo estudo de impacto ambiental (EIA).

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

Gaza e a erosão do Direito Internacional

Quando tratados como a Carta das Nações Unidas, as Convenções de Genebra ou a Convenção do Genocídio deixam de ser respeitados por atores centrais da comunidade internacional, abre-se a porta a uma perigosa normalização da violação da lei em cenários de conflito.

Por nossas mãos

Floresta: o estado de negação

Governo perdeu tempo a inventar uma alternativa à situação de calamidade, prevista na Lei de Bases da Proteção Civil. Nos apoios à agricultura, impôs um limite de 10 mil euros que, não só é escasso, como é inferior ao que anteriores Governos PS aprovaram. Veremos como é feita a estabilização de solos.