Governo tinha previsto anunciar esta quinta-feira a decisão de manter ou não a suspensão das atividades letivas presenciais em todos os estabelecimentos de ensino, implementada para conter a propagação do novo coronavírus.
A Federação Nacional da Educação (FNE) e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) concordam que a situação epidemiológica atual ainda não permite um regresso seguro às escolas, uma preocupação que transmitiram à tutela esta quarta-feira.
Os dois sindicatos, que reuniram hoje por videoconferência com o Ministério da Educação, consideram até prematuro que as atividades letivas presenciais sejam retomadas em maio, uma possibilidade que foi avançada pelo primeiro-ministro, António Costa, na sexta-feira.
À Lusa, o secretário-geral da Fenprof, que na terça-feira esteve também presente na terceira reunião sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, adiantou que a posição desfavorável dos especialistas sobre a abertura das escolas no início do terceiro período foi unânime e até o primeiro-ministro recuou relativamente ao regresso já no próximo mês.
"O que tem que prevalecer, numa decisão qualquer, é a saúde, porque não podemos libertar as pessoas e depois vermos disparar o número de casos outra vez", considerou Mário Nogueira, afirmando que tudo aponta para que a decisão do Governo, anunciada na quinta-feira, seja a de manter o ensino a distância.
Em comunicado, também a FNE revelou ter "reservas quanto a uma eventual decisão da tutela de retomar precipitadamente as atividades letivas presenciais" em maio, a menos que as autoridades de saúde aconselhem o contrário.
Os dois sindicatos de professores partilham igualmente uma preocupação relativamente às provas finais e dos exames nacionais dos ensinos básico e secundários, sublinhando a FNE que a realização dos exames não pode "sobrepor-se ao respeito pela saúde pública".
Segundo as federações, que defendem a suspensão das provas de aferição dos 2.º e 3.º ciclos, os exames nacionais do ensino secundário devem ser repensados, admitindo a possibilidade de, este ano, não serem realizadas, o que implicaria alterações nas fórmulas de acesso ao ensino superior.
Esta é uma situação que também tem merecido a atenção do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) apesar de, segundo o presidente, o sindicato não ter sido auscultado pelo Ministério da Educação.
"Neste momento a opção só pode ser uma, porque não estamos num tempo para alterar os mecanismos de acesso ao ensino superior, defendeu Gonçalo Leite Velho, acrescentando que as universidades e politécnicos estão disponíveis para alargar os calendários das inscrições e atrasar o início do próximo ano letivo.
Relativamente às avaliações do terceiro período, o secretário-geral da Fenprof reforçou que as notas devem refletir o trabalho global dos alunos, mas com consideração dos condicionamentos e constrangimentos associados ao ensino à distância, de forma a salvaguardar os alunos que têm tido maiores dificuldades no acesso aos trabalhos e materiais.
Por outro lado, Mário Nogueira defendeu também que enquanto os alunos não regressarem às salas de aula, o trabalho dos professores deve ser de consolidação das matérias que foram lecionadas presencialmente, para minimizar o prejuízo que este modelo tem para os alunos mais carenciados.
"O que se passou este ano vai ter repercussões no futuro e uma boa parte do primeiro período do próximo ano vai ter que ser ocupada com conteúdos que não puderam ser abordados este ano", afirmou.
O Governo anuncia na quinta-feira a decisão de manter ou não a suspensão das atividades letivas presenciais em todos os estabelecimentos de ensino, implementada em 16 de março para conter a propagação do novo coronavírus.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 83 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
Dos infetados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
MYCA // HB
Lusa/Fim
Covid-19: Sindicatos defendem que situação ainda não permite regresso às escolas
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