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Costa: "Estamos longe dos resultados de quando iniciámos o primeiro desconfinamento"

Primeiro-ministro não vai mudar as restrições entre o 11.º e o 12.º estados de emergência.

Com a entrada em vigor do 12.º Estado de Emergência devido à pandemia de coronavírus, as restrições não vão mudar. A garantia foi dada por António Costa, que frisa que os números de casos e internados ainda estão muito longe dos registados quando Portugal desconfinou, que existe maior perigo devido à variante britânica do SARS-CoV-2, e os atrasos na receção de vacinas não permitem ainda a proteção integral de faixas da população.

António Costa afirmou que pretende apresentar o plano de desconfinamento a 11 de março. 

"O Governo aprovou o mesmo de há 15 dias", explicou António Costa, no início da sua intervenção. 

"Primeiro, as medidas adotadas têm continuado a produzir os efeitos desejados no controlo da pandemia. Isso é desde logo evidenciado pela redução e estabilização do factor de transmissibilidade, o famoso R. Subiu ligeiramente de 0,66 para 0,68", explicou Costa, sublinhando ainda a evolução positiva na diminuição de novos casos diários.

"Há 15 dias éramos o pior país da UE, em primeiro lugar no número de novos casos por 100 mil habitantes. Agora estamos na 13.ª posição, mas longe de alcançar os resultados que desejamos."

É preciso manter as medidas porque "todas as melhorias são relativas". "Estamos melhor relativamente à pior situação que vivemos nesta pandemia. Mas se compararmos os números de novos casos que temos hoje, com 15 de setembro quando entrámos em estado de contingência, ou 4 de maio, quando iniciámos o desconfinamento, hoje ainda temos um número que é mais de quatro vezes superior ao número de novos casos que tínhamos nesse dia. Estamos muito melhor do que estávamos há 15 dias, há um mês. Mas ainda pior do que em maio passado", adiantou o primeiro-ministro. 

Os números de internados e de internados em UCI ainda se mantêm muito elevados, quando comparados com maio e setembro.

A segunda razão "tem a ver com o facto de permanecer uma incidência muito elevada da chamada variante britânica entre novos casos de infecção em Portugal". "Caracteriza-se pela maior transmissibilidade e maior risco de contágio de pessoas para pessoas. A percentagem de casos de pessoas positivas com variante britânica ainda é 49%, o que justifica uma maior prudência sobre o desconfinamento", recordou. 

Finalmente, a execução do plano de vacinação também foi dada como justificação para manter as medidas. "Podemos confirmar o objetivo de até final de março mais de 80% das pessoas com mais de 80 anos vacinadas", disse o primeiro-ministro. Mas a não recomendação da vacina da AstraZeneca para maiores de 65 limita os objetivos. "Ainda estamos relativamente longe do momento que podemos considerar grupos de maior risco protegidos por via da vacinação."

"Estando nós a melhorar e as medidas a produzir resultados, estando nós longe dos resultados que tínhamos quando iniciámos o desconfinamento da primeira vaga, quer ainda por prevalência da variante britânica, quer pelas vicissitudes da produção e distribuição da vacina a não assegurar a vacinação integral dos grupos de risco", ainda é preciso "prudência".

"O que desejamos é que nos próximos 15 dias tenhamos mais avanços significativos para nos colocarmos em situação de segurança para outra avaliação do nível de medidas que devem constar do novo Estado de Emergência. Sou seguramente o primeiro a partilhar com todos vós a ansiedade por virar a página deste estado de confinamento e conheço bem o custo para a vida pessoal de cada um, a vida social de todos, das empresas, os que sofrem desemprego ou em risco de perder o emprego, destas medidas de confinamento. Temos procurado manter sempre o equilíbrio de forma a adotar medidas necessárias para a pandemia com menor perturbação possível da vida em sociedade", salientou o governante. 

"Este não é o momento de aliviar o confinamento, anseio que tão rapidamente possível possamos começar a retormar normalidade na vida do dia a dia", concluiu o primeiro-ministro. 

MIGUEL A. LOPES/Lusa
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