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Coronel da GNR António Paixão indigitado comandante da Protecção Civil

Escolha criticada pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e pela Liga dos Bombeiros Portugueses.

O coronel da GNR António Paixão vai ser o novo comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A indigitação de António Paixão foi comunicada internamente pelo presidente da ANPC, tenente-general Mourato Nunes, esta terça-feira.

Segundo fonte da ANPC revelou àLusa, Patrícia Gaspar, actualmente adjunta de operações nacional, vai assumir o lugar de segundo comandante operacional.

António Paixão fundou e liderou o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e actualmente estava à frente do comando territorial da Guarda Nacional Republicana de Lisboa.

Desde 14 de Setembro, data em que Rui Esteves pediu a demissão de comandante operacional nacional da ANPC, que o lugar era ocupado interinamente pelo tenente-coronel Albino Tavares, também ex-comandante do GIPS.

A escolha de António Paixão foi criticada pelo presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto. "Em relação à escolha temos duas leituras distintas. Uma delas é uma crítica, porque não entendemos que um cargo que é da responsabilidade dos bombeiros, seja mais um ocupado por um GNR. O Governo desvaloriza sistematicamente os bombeiros e depois há o argumento que os bombeiros não têm condições para comandar", disse em à Lusa.

O presidente da ANBP afirmou que a nomeação o "entristece enquanto bombeiro profissional", explicando que o Governo desvaloriza os bombeiros e não faz a aposta que devia. "Não é dada aos bombeiros a mesma oportunidade que é dada às forças de segurança. Elementos da GNR, e não só, ocupam os cargos e os bombeiros profissionais não podem comandar", defendeu.

Apesar de criticar a escolha, Fernando Curto referiu que não tem nada a ver com a pessoa, deixando elogios ao coronel da GNR António Paixão. "Por outro lado, conhecemos o coronel Paixão, é uma pessoa competente, profissional e tem todas as condições para ocupar o cargo, mas não nos sentimos cómodos. O coronel tem todas as condições e é uma pessoa tecnicamente válida, mas nos bombeiros também temos pessoas válidas, só precisámos de oportunidades", concluiu.

Também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, lamentou a escolha do coronel da GNR, defendendo que estão a "militarizar a estrutura". "Assumo frontalmente, enquanto presidente da Liga, que o Governo não está a ter o respeito institucional que deve ter. O Governo e a ANPC não têm tropas, são da sociedade civil, das associações humanitárias de bombeiros e câmara municipais, a ANPC só tem generais e coronéis. Estão a militarizar uma estrutura", disse àLusa.

Marta Soares referiu que a escolha de um coronel da GNR vem "alterar um estatuto" que existia na ANPC. "Nunca esteve no comando da ANPC nenhum militar, mas sim pessoas recrutadas no âmbito dos próprios bombeiros. Para comandar um exército de bombeiros devia ser alguém ligado aos bombeiros, esta não é a nossa escolha e a nossa vontade", afirmou.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses defendeu que tem "muitas reticências" sobre a maneira como os bombeiros se vão posicionar, referindo que o conselho executivo da Liga vai reunir de emergência esta quinta-feira e que vai também encontrar-se com o ministro da Administração Interna. "O que vou transmitir ao ministro é que é uma ideia que não me agrada", defendeu.

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