Dirigente da Ordem dos Médicos acusou o centro hospitalar de desvalorizar a saúde mental e garantiu que os doentes "passam vários dias na urgência" por não existirem condições de internamento.
Hoje, em comunicado, a Secção Regional da Ordem dos Médicos do Centro denunciou o que diz ser a "realidade desumana" dos doentes de psiquiatria do CHUC, acusando o centro hospitalar de desvalorizar asaúde mentale argumentando que os doentes "passam vários dias na urgência" por não existirem condições de internamento e que "apenas comem bolachas, sopa e leite ou sumos", acusações que também constam de um abaixo-assinado enviado à administração por médicos psiquiatras daquela unidade de saúde.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, rejeitou as críticas e frisou que "só muito excecionalmente" osdoentesficam mais de 24 horas no serviço de urgência e que essas situações, "raras e excecionais, são menos do que os dedos de uma mão".
"Essas descrições [dos críticos] não correspondem à realidade", assegurou Fernando Regateiro, adiantando que quem está no serviço de urgência "é porque tem de lá estar".
Já sobre oregime alimentar denunciado de "bolachas, sopa e leite ou sumos" em que os doentes passam "dias a fio [na urgência], com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas de higiene e alimentação, já que não existem condições para os internar", o também especialista em genética médica lembrou que o serviço de urgência "tem um regime alimentar próprio", diferente do internamento, dada a necessidade de os doentes terem de fazer análises clínicas e outros exames ou mesmo intervenções cirúrgicas.
"Muitas vezes, nem líquidos bebem. Excecionalmente, damos refeições comuns, não é incomum ser servida sopa. Mas a regra são as 24 horas [de permanência máxima] e o doente não fica abandonado, está lá porque é preciso que esteja", reafirmou Fernando Regateiro.
Sobre outra acusação da Ordem dos Médicos do Centro, em que devido à falta de camas de internamento os doentes psiquiátricos são transferidos da urgência para outras enfermarias "sem os devidos cuidados especializados", o responsável do CHUC negou a falta de acompanhamento especializado, mas não a colocação de doentes em serviços diferentes, referindo que "é comum" e "o pão nosso de cada dia" no centro hospitalar, em várias especialidades médicas.
"A filosofia atual, em novos hospitais, não é fazer enfermarias, uma para cada serviço. É fazer enfermarias onde podem existir doentes de várias especialidades, devidamente acompanhados pelo médico especialista que o segue", argumentou.
"No CHUC, não há falta de segurança, se o doente estiver numa enfermaria que não a do seu serviço. Está devidamente acompanhado pelo seu médico", insistiu.
Em relação á exigência da reposição do número de vagas para doentes psiquiátricos agudos aos níveis existentes em setembro de 2018 - segundo o abaixo-assinado são hoje 48 quando eram 54 - Fernando Regateiro não precisou os números, mas disse que existem "à volta de 50 camas, o que é um grande internamento para doentes agudos".
"A libertação de camas tem a ver com o tempo médio de internamento, há doentes que chegam e que são casos complexos, muitos deles. Não é um doente comum que demora poucos dias", afirmou.
O responsável do CHUC lembrou ainda que a tempestade Leslie, em outubro de 2018, causou danos na enfermaria do serviço de Psiquiatria Mulheres, localizada no primeiro piso de um edifício do chamado bloco de Celas, obrigando à transferência das doentes, parte para a unidade de Psiquiatria Homens no rés-do-chão do edifício central dos Hospitais da Universidade (HUC) - onde também funciona o hospital de dia e consultas externas - e outra parte para o hospital Sobral Cid, a cerca de dez quilómetros, já fora de Coimbra.
Fernando Regateiro explicou que é intenção da administração, "num tempo breve, reunir no piso térreo dos Hospitais da Universidade de Coimbra a psiquiatria de homens e mulheres, em duas alas diferentes, e encontrar um espaço para albergar o hospital de dia e parte das consultas externas, já que outra parte se mantém no edifício de Celas, numa ala que não foi afetada pela tempestade.
Centro Hospitalar de Coimbra refuta acusações sobre doentes psiquiátricos maltratados
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