Notícia surge após Aida Tavares ter dito ao jornal Expresso que foi demitida pelo atual presidente do CCB, Nuno Vassallo e Silva, e pela vogal Madalena Reis, por telefone às 17h00 de hoje.
O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai abrir concursos para a Direção Artística de Artes Performativas, cargo atualmente ocupado por Aida Tavares, e Curador do Centro de Arquitetura do MAC/CCB, cargo que ocupa Mariana Pestana, foi esta quarta-feira anunciado.
"Seguindo o mesmo modelo de contratação adotado para a Direção Artística do Museu de Arte Contemporânea MAC/CCB, será lançada uma ‘open call’ para a escolha da nova Direção Artística das Artes Performativas. Paralelamente, será aberto novo concurso externo para a posição de Curator do Centro de Arquitetura do MAC/CCB", refere o CCB, num comunicado hoje divulgado.
Estes recrutamentos, "de âmbito internacional, reforçam a missão e ambição da instituição de estimular a inovação e a elevada qualidade da programação artística, garantindo um diálogo permanente entre criadores nacionais e internacionais".
A partir de sexta-feira será disponibilizada, no 'site' oficial do CCB informação sobre os dois concursos, que "ficarão abertos por dois meses".
No final de 2023, com a nomeação de Francisca Carneiro Fernandes para o cargo de presidente do Conselho de Administração do CCB, do qual foi exonerada um ano depois, passaram a existir naquela instituição duas unidades orgânicas: Artes Performativas e Pensamento e MAC/CCB.
Para a primeira unidade foi nomeada como diretora artística Aida Tavares, numa contratação direta em dezembro de 2023, e, para a segunda, Nuria Enguita, escolhida por concurso em março de 2024. O museu abriu em outubro de 2023 sem diretor.
Aida Tavares disse ao jornal Expresso que foi demitida pelo atual presidente do CCB, Nuno Vassallo e Silva, e pela vogal Madalena Reis, por telefone às 17h00 de hoje, "quando a ministra da Cultura [Dalila Rodrigues] já sabia que não ficava" com a pasta no novo Governo, cuja composição foi hoje anunciada e cujos ministros tomam posse na quinta-feira.
A Lusa tentou contactar Aida Tavares, mas até ao momento tal não foi possível.
O CCB não esclareceu se a diretora artística foi ou não demitida.
Numa mensagem divulgada ao fim da tarde pelo gabinete de Dalila Rodrigues, a ainda ministra da Cultura declinou qualquer responsabilidade ou interferência no processo do CCB.
Aida Tavares assumiu o cargo em 15 de dezembro de 2023, a convite de Francisca Carneiro Fernandes, uma contratação que visava acompanhar o novo "ciclo estratégico" da instituição.
Francisca Carneiro Fernandes tinha sido nomeada presidente do CCB em dezembro de 2023, nomeada pelo então ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva (PS), e substituindo na altura Elísio Summavielle.
Em 29 de novembro passado, a gestora cultural foi exonerada do cargo pela então ministra da Cultura Dalila Rodrigues (PSD/CDS-PP), que a substituiu pelo historiador Nuno Vasallo e Silva, decisão justificada com a "necessidade de imprimir nova orientação à gestão da fundação", "para garantir" que assegure "um serviço de âmbito nacional, participando num novo ciclo da vida cultural portuguesa".
Dalila Rodrigues foi ouvida no parlamento em dezembro a propósito da exoneração, tendo acusado o seu antecessor, Pedro Adão e Silva, de ter feito um "assalto ao poder" no CCB, garantindo "que acabaram os compadrios naquela instituição".
As declarações da então ministra tenham origem a pedidos de vários partidos para ouvir no parlamento diversas personalidades ligadas ao CCB, incluindo Pedro Adão e Silva, Francisca Carneiro Fernandes e Aida Tavares.
Em fevereiro, Francisca Carneiro Fernandes negou no parlamento que a contratação da programadora Aida Tavares como diretora artística da instituição tenha sido uma imposição de Pedro Adão e Silva.
Dias antes, o antecessor de Francisca Carneiro Fernandes, Elísio Summavielle, referira que Pedro Adão e Silva lhe tinha sugerido a contratação de Aida Tavares, situação que foi o culminar de um caminho de divergências com o anterior Governo que o levou a decidir sair do CCB no final de 2023, antes do término do último mandato.
Francisca Carneiro Fernandes justificou a criação do cargo com o facto de considerar que "qualquer organização que programa artes performativas deve ter necessariamente uma direção artística profissional", dizendo que não foi necessário iniciar funções "para saber que esse cargo não existia no CCB".
Em relação ao "caso, ou casinho" de Aida Tavares, Elísio Summavielle escusou-se a fazer mais comentários, remetendo para as declarações da vogal Madalena Reis, na semana anterior na mesma comissão parlamentar.
Madalena Reis explicou que votou contra a contratação de Aida Tavares por sentir que "não havia necessidade de mudança".
"Existia uma diretora de Artes Performativas. Não tinha exatamente o mesmo perfil, mas tinha funções muito similares. Com essa diretora construía-se uma programação que era partilhada com conselho de administração", disse.
Já Pedro Adão e Silva, o último a ser ouvido no âmbito da série de audições, defendeu que não se confirmaram as acusações de "assalto ao poder" feitas pela sua sucessora, Dalila Rodrigues.
Para Pedro Adão e Silva, as declarações "totalmente descabidas" da ministra da Cultura aconteceram "por dois motivos": "Justificar uma exoneração que não teve coragem de assumir" e tentar "ocultar o ano perdido para as políticas culturais que foi o seu mandato".
Pedro Adão e Silva explicou as declarações da ministra da Cultura como "um mecanismo de projeção: quem diz é quem é", referindo que as pessoas nomeadas por Dalila Rodrigues para vários cargos têm "todas ligações ao PSD". "Não fiz uma nomeação ligada ao PS", disse.
Além disso, são "tudo pessoas com o mesmo perfil da ministra", que é historiadora.
Já a atual curadora-chefe do Centro de Arquitetura do MAC/CCB, Mariana Pestana, que foi selecionada para o cargo através de um concurso aberto em junho de 2023 e iniciou funções em 01 de março do ano passado, vai deixar o cargo a seu pedido, segundo fonte oficial do CCB.
Mariana Pestana, licenciada em arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e em Architectural Design pela Bartlett School of Architecture, em Londres, deveria ocupar o cargo por um período de quatro anos.
O Centro de Arquitetura do CCB reabriu em 30 de março. O espaço já funcionava como área expositiva da disciplina de arquitetura no CCB, e passou também a ter espaços de trabalho, para eventos e conversas.
No comunicado hoje divulgado, o CCB refere estar a "desenvolver um programa de inovação que tem como objetivo reforçar o seu posicionamento central na promoção das artes, ampliar a diversidade da programação e promover novos talentos, consolidando, ao mesmo tempo, a sua presença nos circuitos nacionais e internacionais de cultura durante o triénio 2025-2027".
Os dois concursos serão abertos "para a concretização destes objetivos estratégicos".
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