A SÁBADO recebeu a seguinte Carta ao Diretor de Carla Castelo, vereadora independente na Câmara de Oeiras, a propósito de uma entrevista a Isaltino Morais.
Exmo. Senhor Diretor da Revista Sábado,
No passado dia 05 de setembro de 2024, foi publicada uma entrevista com Isaltino Morais na vossa revista, em papel e edição digital, com o título "Uma caminhada com Isaltino: "A mim não me apanham de calças na mão"", da autoria de Maria Henrique Espada, jornalista e editora executiva da revista.
Não faz sentido dizer, eufemisticamente, que Isaltino Morais faltou à verdade. Na entrevista, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras mentiu. Isaltino Morais proferiu várias mentiras e deve ser confrontado com elas, para que os leitores incautos não sejam enganados.
Mentiras e afirmações enganosas I
1.Isaltino Morais, preocupado que está com a única oposição na Câmara, refere-se a uma "vereadora da extrema-esquerda na Câmara de Oeiras". Como Maria Henrique Espada lhe pergunta se se refere a mim - Carla Castelo - e o autarca não nega, é pertinente eu vir publicamente repor a verdade, relativamente às considerações que Isaltino faz sobre a tal "Vereadora de extrema-esquerda na Câmara de Oeiras".
Considero-me progressista e ecologista de esquerda. Já demonstrei ter abertura, capacidade de diálogo e convergência com coletivos e pessoas com diferentes orientações político-ideológicas. A linha vermelha que traço é a do respeito pelos direitos humanos e pelo regime democrático. Não sei o que Isaltino Morais entende por extrema-esquerda. Quiçá, para ele, ser de extrema-esquerda é denunciar a violação das regras democráticas, a opacidade, o abuso de dinheiros públicos em benefício próprio, as negociatas e a especulação imobiliária; quiçá seja defender um modelo de desenvolvimento equilibrado, coerente com os desafios das alterações climáticas e da perda de biodiversidade, que valorize o bem-estar das populações, a paisagem, o território, que promova a participação pública e a transparência. Sobre o epíteto "extrema-esquerda" (ou "radical" que também já usou noutras ocasiões sobre mim) nem vale a pena desenvolver muito mais, basta lembrar políticos populistas e misóginos como Donald Trump que chama a Kamala Harris "comunista", "maluca" e "radical".
2. Diz Isaltino Morais que "não há nenhuma oposição em Portugal que tenha a infiltração na comunicação social que tem a vereadora da extrema-esquerda na Câmara de Oeiras".
Não faço ideia o que será "infiltração na comunicação social", mas, se está a falar de acesso, o acesso que eu e a Coligação Evoluir Oeiras temos à Comunicação Social é residual face à atenção massiva que o autarca de Oeiras desfruta. Presença essa em vários casos paga, como veremos adiante. Como ex-jornalista não tenho qualquer acesso privilegiado à comunicação social e nunca usei conhecimentos pessoais ou amigos/as para obter qualquer tipo de vantagem.
3. Diz Isaltino Morais que tenho "uma cumplicidade" com a sua revista e com o seu diretor.
Ora, como o Sr. Diretor da Revista Sábado, Nuno Tiago Pinto, sabe e reconhecerá publicamente, não nos conhecemos, e a primeira vez que trocámos mensagens foi após a publicação da entrevista no dia 05 de setembro de 2024. Daí ser uma mentira que tenhamos qualquer tipo de cumplicidade. Também não sei o que será ter cumplicidade com uma revista. Já fui assinante, mas atualmente nem sequer sou. Sempre que um/a jornalista deste ou qualquer outro meio de comunicação social me pede uma reação (nomeadamente sobre comportamentos pouco éticos, atentados urbanísticos, ou processos-crime em que Isaltino é suspeito) mostro disponibilidade e presto declarações. Aliás, o responsável pela atenção que é dada ao que se passa em Oeiras é primordialmente de Isaltino, uma vez que se trata de notícias sobre más práticas do autarca e do seu Executivo. Assim como é demérito do PS e PSD que os jornalistas queiram ouvir-me, uma vez que sou a única vereadora da oposição.
4. Diz Isaltino Morais "Isto é só para dizer que já deu mais entrevistas a vereadora da oposição na revista SÁBADO do que eu."
Informação enganosa. A Sábado nunca me fez uma entrevista. Já respondi a pedidos de jornalistas da Sábado que me pediram uma reação a uma notícia que visava Isaltino Morais. Prestar declarações sobre um determinado assunto, em que sou citada numa frase ou duas, é bem diferente de dar entrevistas à revista Sábado.
5. Diz ainda Isaltino Morais "A vereadora da oposição tem uma porta escancarada na revista SÁBADO."
Mais uma mentira do autarca, que tem um acesso à comunicação social privilegiado, acesso em vários casos pago. Vejam-se os patrocínios recentes no Diário de Notícias e no Jornal de Notícias e as notícias pagas no New In Town Oeiras (Contratos de prestação de serviços N.º 449/2021, N.º 513/2022, N.º 603/2023 e "Aquisição de espaços noticiosos").
Mentiras descaradas II
Mais à frente, sobre o gasto de dinheiros públicos em refeições, diz Isaltino Morais, "Não há uma de lavagante! (..) e a jornalista comenta, "Mas repare, não é mentira". Ao que o autarca responde "Não é mentira, então não é mentira? Claro que é mentira. Primeiro, é mentira que alguma vez haja alguma fatura de lavagante. É mentira. Desculpe, é mentira. Há arroz de lavagante."
Ora, também aqui Isaltino mente descaradamente e fá-lo repetidas vezes de forma acintosa. Além de faturas de arroz de lavagante, há faturas (documentos administrativos que é possível consultar) de lavagante (e outros mariscos) ao quilo. A própria revista Sábado, numa investigação do jornalista Marco Alves, revelou uma dessas faturas com 1,8 Kg de lavagante e eu também acedi, através de requerimento escrito, a outras faturas com marisco ao quilo, nomeadamente mais 1 Kg de lavagante. Ou seja, o Fundo de Maneio do Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras - dinheiro público - é usado para refeições faustosas, sem qualquer justificação. Um modus operandi que continua, mesmo depois de Isaltino Morais ter feito dois despachos a impor regras, designadamente que fosse justificado o interesse público da despesa. Isto não seria tão grave (e já escrevi que não são apenas os almoços extravagantes que nos indignam) se o uso de mentiras reiteradas não revelasse uma total falta de respeito pelos munícipes, pela lei, pelas regras democráticas e pela oposição.
Solicito que esta carta seja publicada na página online da revista que dirige, para o devido contraditório e informação factual dos seus leitores. Sem outro assunto, subscrevo-me atenciosamente.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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