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Ambulâncias mais bem equipadas evitariam "muitas mortes" por enfarte

Lusa 14 de fevereiro de 2021 às 17:40
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"Muitas mortes poderiam ser evitadas" se os técnicos tivessem equipamentos que permitissem detetar enfartes "nos primeiros 15 minutos, como ditam os referenciais internacionais".

A Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH) alertou hoje que "mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos" para detetar precocemente um enfarte, algo que ajudaria a evitar muitas mortes.

"Mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos que permitam a realização de um exame [para] detetar precocemente uma situação de enfarte e o encaminhamento ao hospital adequado. A provar isso está o facto de que, das mais de 4.300 mortes anuais por enfarte agudo do miocárdio, o INEM apenas assume conseguir encaminhar menos de 700 casos. É pouco mais de 10% das situações de enfarte que conseguem ser encaminhadas a tempo de serem salvas", referiu a ANTEPH em comunicado.

Segundo estes profissionais, "muitas mortes poderiam ser evitadas" se os técnicos tivessem equipamentos que permitissem detetar enfartes "nos primeiros 15 minutos, como ditam os referenciais internacionais".

"Há técnicos formados com protocolos de dor torácica, com cursos avançados de emergências cardíacas, mas que depois não têm equipamentos nem fármacos para poder atuar. Há milhares de mortes que poderiam ser evitadas", conclui o comunicado da ANTEPH.

Num comunicado divulgado no sábado, a propósito do Dia Nacional do Doente Coronário, que hoje se assinala, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) adiantou que em 2020 encaminhou para os hospitais, através da Via Verde Coronária, 696 casos de enfarte (mais 27 do que em 2019), 80% dos quais homens.

"Em 72,4% dos casos [de 2020], decorreram menos de duas horas entre o início dos sinais e sintomas e o contacto com o INEM, feito através do 112, enquanto em 22,4% dos casos o processo foi efetuado entre as duas e as 12 horas de evolução da sintomatologia. Já em 5% dos casos, decorreram mais de 12 horas de evolução dos sinais e sintomas até à ativação dos serviços de emergência médica e posterior encaminhamento hospitalar", precisou o instituto em comunicado.

Dor no peito súbita, com ou sem irradiação para o braço esquerdo, costas ou mandíbula, suores frios intensos acompanhados de náuseas e vómitos são alguns sinais que devem levar os doentes a ligar de imediato o 112, a "via preferencial" para reduzir "o intervalo de tempo até ao início da avaliação, diagnóstico, terapêutica e agilização do transporte para unidade hospitalar mais adequada".

"O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte em Portugal, ocorrendo quando se dá uma interrupção da perfusão sanguínea do coração, resultante da obstrução de uma artéria coronária, prolongada e total ou quase total. A realização de exames médicos de rotina, os hábitos de vida saudáveis, a prática de desporto de forma regular, evitar o tabaco e a vida sedentária são algumas das formas de prevenção eficazes e acessíveis a todo o cidadão", recordou o INEM no comunicado.

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