As conclusões do PIRLS 2021 mostram que os alunos portugueses liam pior do que em 2016. E continuam a ter melhores capacidades de leitura em suporte físico do que digital. Estudo internacional é aplicado a alunos do quarto ano.
Os alunos portugueses estão a ler pior. O teste internacional que afere estes conhecimentos, o PIRLS - Progress in International Reading Literacy Study, refere que a pontuação média dos alunos portugueses é oito pontos inferior aos resultados obtidos em 2016. Uma das principais conclusões é que a pandemia afetou negativamente a capacidade de leitura dos alunos nacionais.
Getty Images
O PIRLS é um estudo internacional de avaliação da literacia de leitura, promovido pela International Association for Evaluation of Educational Achievement realizado de cinco em cinco anos. Portugal iniciou a sua participação em 2011, mantendo-se nas três últimas edições: 2011, 2016 e 2021. A população-alvo do PIRLS são "alunos do 4.º ano de escolaridade que, nesta fase do percurso escolar, já terão aprendido a ler e leem agora para aprender". É medida de forma preferencial a capacidade de leitura digital, mas também a de leitura em suportes físicos. O teste do PIRLS baseia-se em diversos exercícios de leitura e interpretação através de exercícios de resposta múltipla.
Os alunos lusos que realizaram o digital PIRLS 2021 obtiveram uma pontuação média de 520 pontos a literacia de leitura, o que representa uma diminuição de 8 pontos comparativamente aos resultados de 2016. No panorama internacional, Portugal está no 22º lugar num total de 43 países que aplicaram o digital PIRLS no final do 4.º ano de escolaridade, ou seja, está na segunda metade da tabela.
O relatório mais recente mostra que as raparigas têm uma pontuação média superior à dos rapazes, no digital PIRLS, sendo que elas conseguiram, em média, 523 pontos e eles 517. No formato físico esta tendência continua a verificar-se, mas de forma menos acentuada (532 e 529 pontos, respetivamente), sendo que os autores do relatório referem que é uma percentagem que "não é estatisticamente significativa".
Relativamente à pandemia, dois terços dos pais referem que a aprendizagem dos filhos foi afetada negativamente pelo regime de aulas em casa. Os estudantes que não tiveram atividades escolares online tiveram piores resultados médios do que aqueles que as tiveram.
O estudo apurou ainda que os alunos que frequentaram três ou mais anos de educação pré-escolar obtiveram, em média, melhores resultados do que os alunos que não frequentaram (diferença de 32 pontos significativos). E ainda que os alunos com um estatuto socioeconómico mais elevado tiveram uma pontuação média mais elevada (555 pontos) do que os alunos de estatuto socioeconómico inferior (488 pontos).
De todos os alunos em Portugal, apenas 6% atingiram o desempenho classificado como "Avançado" no digital PIRLS (9% no teste físico). Apenas 6% obtiveram um nível de desempenho "Baixo" no teste digital e 4% no físico.
Uma das outras conclusões do PIRLS nacional é de que não existe uma associação positiva entre o gosto pela leitura e a capacidade de leitura. Na verdade, os alunos que gostam muito de ler leem pior do que aqueles que não gostam de ler, aferiu o estudo. Dos alunos inquiridos, 60% disseram que gostavam muito de ler. E 42% mostraram-se estar "muito confiantes" na leitura.
No entanto, parece haver uma relação entre alunos cujos pais gostam de ler e filhos cujos pais não leem. "Os alunos, cujos pais gostam muito de ler, obtiveram uma pontuação média de 543 pontos, mais 42 pontos significativos do que os alunos cujos pais não gostam de ler", avança o estudo. E nas casas onde há mais de 100 livros os alunos têm, em média, mais 63 pontos estatisticamente significativos do que os alunos que têm até 10 livros em casa.
O estudo refere também que 46% dos alunos lê menos de 30 minutos por dia. E que os alunos que leem entre 1 a duas horas diariamente, pontuaram, em média, mais 20 pontos (533 e 513).
O PIRLS 2021 mostra ainda que os alunos portugueses têm melhor resultado médio no formato físico, do que quando comparado ao digital. No teste em papel, o resultado médio foi de 531 pontos, mais 11 do que no digital PIRLS. O resultado no suporte físico é ainda ligeiramente melhor (mais três pontos) do que aquele que foi obtido em 2016.
No digital PIRLS, os alunos que frequentam escolas privadas alcançaram, em média, mais 39 pontos significativos do que os alunos que frequentam estabelecimentos de ensino públicos (554 e 515 pontos, respetivamente).
O PIRLS 2021 recolheu dados de 6.111 alunos, sendo que 2.098 fizeram os testes em suporte físico. Foram ainda recolhidos dados junto de 5.936 pais, 376 professores e 196 diretores escolares. A nível internacional foram recolhidos dados de 400 mil alunos de 65 países e regiões.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.