Após tomada de posse de Montenegro, quinas e esfera armilar regressaram ao símbolo do Governo
O logótipo adotado pelo Governo de António Costa, sem esfera armilar e quinas, gerou várias críticas. Novo primeiro-ministro tinha feito promessa de mudança durante a campanha eleitoral.
Luís Montenegro, que tomou posse como primeiro-ministro esta terça-feira, cumpriu a sua promessa de trazer de volta o símbolo do Governo com os elementos históricos, como o escudo com as quinas e a esfera armilar, estando já presente no Portal do Governo da República Portuguesa.
"Com o meu governo, deixaremos de usar o novo símbolo", afirmou o novo primeiro-ministro na rede social X, durante a campanha eleitoral. "No nosso projeto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de sofisticação."
Esta mudança ocorreu imediatamente após a tomada de posse do primeiro-ministro e dos 17 ministros do novo Governo formado por PSD e CDS-PP, sendo que o email da Presidência do Conselho de Ministros a informar de uma reunião na quarta-feira já usou a antiga imagem.
Uma fonte social-democrata explicou ao Observador que "trata-se de cumprir uma promessa" e que "um governo de centro-direita tem de puxar por estes temas", estando a decisão sobre a mudança de logótipo em consenso dentro da Aliança Democrática.
Já Nuno Melo, líder do CDS-PP, também fez anteriormente críticas semelhantes ao símbolo minimalista adotado pelo Governo de António Costa, que apenas continha dois retângulos e um círculo com as cores da bandeira nacional, tendo-o apelidado de "ridículo e um apoucamento quase criminoso", fase à retirada do escudo das armas e à simplificação da esfera armilar.
O mesmo referiu na rede social Facebook que "a Bandeira é um símbolo nacional" e que "cada pormenor tem um significado identitário de uma Nação e de um Povo", acrescentando que "na simbologia de uma bandeira não está em causa um governo, mas sim a Nação, não está em causa uma maioria, mas todo um povo."
Polémica com o anterior logótipo
O logótipo anterior, adotado pelo Governo de António Costa em setembro de 2023, gerou várias críticas de partidos e nas redes sociais. Segundo fontes do gabinete do ex-primeiro-ministro, o logótipo foi alterado perante a sua falta de legibilidade e complexidade para as atuais plataformas digitais, sendo que esta nova marca respondia "de forma eficaz aos novos contextos, determinados pela sofisticação da comunicação digital e dinâmica e por uma consciência ecológica reforçada".
Já no Manual de Aplicação da Identidade Visual do Governo, lê-se que os elementos do escudo, quinas e castelos, foram removidos para que "o símbolo não se torne uma cópia ou uma adaptação livre da bandeira original", sendo que desta forma a imagem torna-se mais "inclusiva, plural e laica".
Outra polémica em volta deste símbolo foi o facto do mesmo ter tido um custo de 74 mil euros. A 23 de novembro de 2022 foi publicado no Portal Base o contrato entre o Estado Português e o adjudicatário Studio Eduardo Aires, no "preço máximo" de 74 mil euros acrescido de IVA à taxa legal em vigor.
O gabinete do Primeiro-Ministro justificou ao Polígrafo que Eduardo Aires tinha "o preço mais baixo" e a "equipa mais qualificada, integrando especialistas reconhecidos em várias áreas da comunicação visual, e um portefólio de trabalhos notáveis". Os mesmos voltaram a argumentar que "o valor não só não é elevado como está muito longe dos preços de mercado".
Eduardo Aires, designer responsável pelo logótipo, veio defender a sua escolha para o novo logótipo, tendo-a vinculado ao gabinete de João Cepeda, um dos responsáveis da comunicação do Governo de Costa. O designer, que recebeu várias críticas e ameaças, explicou o símbolo resultou de um "processo evolutivo, participado e orientado pela Direção de Comunicação do Governo".
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