Defesa das vítimas do BES quer impedir perguntas de advogados de Salgado
Representante das vítimas diz que a defesa de Ricardo Salgado não pode continuar a alegar que a saúde do ex-banqueiro impede o contraditório e, ao mesmo tempo, coloque algumas questões a testemunhas.
A defesa de 2.140 vítimas lesadas pela queda do GES não quer que a defesa de Ricardo Salgado interrogue testemunhas ao mesmo tempo que alega que a saúde do ex-banqueiro impede o contraditório, tendo apresentado um requerimento ao tribunal sobre esta questão, pedindo uma decisão à juíza.
O advogado dos lesados do BES, Nuno da Silva Vieira, apresentou um requerimento ao tribunal depois da defesa de Ricardo Salgado ter inquirido o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho no âmbito do julgamento do BES, pedindo à juíza presidente do coletivo para que decida ser a defesa pode continuar a interrogar testemunhas enquanto, simultaneamente, "usa a incapacidade do arguido como argumento para anulação do julgamento".
Adriano Squilacce, representante de Ricardo Salgado, questionou esta terça-feira o antigo primeiro-ministro sobre a notícia de 2014 que dava conta que o Governo tinha rejeitado ajudar o GES. "Não tinha qualquer interesse em que a notícia saísse. Andava todas os dias com a preocupação para dar espaço ao regulador para não criar um problema maior", respondeu Passos Coelho, negando ser a fonte do jornalista que deu a notícia. Depois de terminada a inquirição do antigo governante por parte da defesa de Ricardo Salgado, o representante das vítimas do colapso do GES apresentou o requerimento onde acusou a defesa de Salgado de ser incongruente.
No requerimento, o representante dos lesados do BES acusou a defesa de "usar uma estratégia contraditória para tentar manipular o processo", dizendo que não pode ao mesmo tempo dizer que o arguido Ricardo Salgado está incapacitado e que por isso não pode ser inquirido e também que "está em condições e pode atuar plenamente". "Não podem beneficiar das duas posições ao mesmo tempo", diz Nuno da Silva Vieira. "Se a defesa insistir que o doutor Ricardo Salgado está incapaz, requer-se que as perguntas sejam completamente restringidas, pois a sua linha de raciocínio não pode ser seletiva", continuou o advogado que considera que "se a defesa pode interrogar testemunhas com base em documentos públicos, então está a agir como se o arguido pudesse continuar a ser defendido".
O advogado desafiou ainda a defesa de Ricardo Salgado: "Se a defesa está impedida de defender os interesses do seu cliente, tenha a coragem de renunciar ao mandato", acrescentando ainda ter dúvidas de que "a defesa está livremente mandatada pelo cliente".
Squilacce quis responder, mas a presidente do coletivo de juízes, Helena Susano, não deixou, remetendo tal posição para respostas por escrito.
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