Sábado – Pense por si

Tiago Silva
Tiago Silva Advogado
10 de janeiro de 2025 às 09:40

O FC Porto tem que entrar com tudo na Madeira

O FC Porto continua a revelar dificuldades em ferir o adversário em jogos de nível mais elevado, acabando por cometer erros defensivos fatais quando do outro lado está uma equipa com outra capacidade e talento ofensivo.

1. Aguardava ansiosamente pelo jogo do FC Porto na última quarta feira contra o Sporting por forma a avaliar o crescimento colectivo da equipa nos jogos contra equipas de nível mais elevado, pois os últimos 6 jogos do FC Porto haviam sido disputados contra equipas de qualidade bastante inferior, não servindo propriamente de barómetro para perceber se a equipa já tinha ultrapassado as debilidades que havia apresentado nos jogos de grau de exigência superior. 

Em bom rigor, encarei este jogo como a verdadeira prova do algodão sendo que após os 90 minutos o algodão voltou a sair sujo mesmo tendo o FC Porto enfrentado um Sporting bastante mais frágil que no passado. 

Com efeito, após os 35 minutos iniciais onde o FC Porto, fruto de uma forte agressividade sem bola e da vigilância apertada de Rodrigo Mora sobre Hjulmand, conseguiu condicionar a construção do Sporting, recuperar inúmeras bolas no meio campo do Sporting e revelar, a espaços, algum critério com bola (o que nunca foi o caso de Pepê que esteve sempre mal com bola e, por vezes, distraído com as marcações como foi o caso do lance na primeira parte em que Quenda recebe a bola já próximo da área do FC Porto e tem todo o espaço do mundo para enquadrar, progredir e rematar com perigo enquanto Pepê recuperava a trote e marcava com os olhos), a partir dessa fase o Sporting passou a aproveitar algumas perdas de bola do FC Porto para explorar as suas transições ofensivas e o espaço que se abria nas costas do meio campo do FC Porto, dispondo Hjulmand de mais espaço para pautar o jogo ofensivo do Sporting.   

Ao intervalo, o empate afigurava-se como um resultado justo face à ausência de oportunidades de golo e ao equilíbrio em campo. 

A segunda parte começou com a mesma toada de equilíbrio mas a partir dos 50 minutos o Sporting aproveitou o lado direito do FC Porto para, em dois lances, criar desequilíbrios e perigo na área do FC Porto pois daquele lado o FC Porto contava com um tenrinho Franco que também é outro que é muito forte a pressionar e a encurtar espaços com os olhos, isto quando não está perdido sem saber onde deve fechar. 

Até que aos 56 minutos dá-se o golo do Sporting em mais um erro defensivo do FC Porto que, tendo 6 jogadores no corredor central atrás da linha da bola, permitiu, ainda assim, que a bola entrasse em Morita, este tabelasse com Catamo que viria a colocar a bola em Quenda, o qual teve tempo e espaço para receber, enquadrar e escolher entre colocar a bola na direita da defesa portista, onde aparecia Maxi sozinho e pronto para se isolar, ou, como viria a fazer, na zona central onde estava Gyokeres a ser colocado em jogo por Nehuen Perez que, mais uma vez, revelou não saber fazer ou respeitar uma linha defensiva, ficando sempre afundado na área face aos restantes elementos da defesa. 

Após o golo, o FC Porto nunca revelou ideias de jogo capazes de criar dúvidas ou desequilíbrios na zona defensiva do Sporting, acabando o jogo sem criar uma verdadeira oportunidade de golo, numa produção ofensiva tão confrangedora quanto a qualidade da exibição naquela segunda parte. 

Ficou, assim, evidente aos meus olhos que o FC Porto continua a revelar dificuldades em ferir o adversário em jogos de nível mais elevado, acabando por cometer erros defensivos fatais quando do outro lado está uma equipa com outra capacidade e talento ofensivo (o FC Porto não pode baixar os índices de agressividade com e sem bola nestes jogos ou raramente ganhará um).  

Eu continuo a torcer insistentemente para que o trabalho desenvolvido ao longo do tempo leve a equipa para outros patamares competitivos nestes jogos mas esse tempo ainda não chegou. 

 

2. No domingo o FC Porto tem uma difícil deslocação à Madeira para realizar o jogo em atraso contra o Nacional.

Espero bem que os jogadores tenham noção da importância deste jogo e entrem com tudo para ganhar desde o minuto 15.  

Que aquela entrada amorfa e sem chama que vimos aquando o jogo interrompido não se repita pois o FC Porto não pode voltar a deixar escapar a ascensão ao primeiro lugar do campeonato. 

Se é um facto que o FC Porto tem tido um registo desolador nos jogos contra os rivais, não é menos verdade que nesta primeira volta só perdeu dois pontos contra todas as outras equipas e nas condições que bem conhecemos (Famalicão).  

Se queremos manter este quadro praticamente imaculado contra as ditas equipas mais pequenas, não podemos facilitar e esperar que o tempo nos traga algo do jogo até porque do outro lado vai estar uma equipa aguerrida, agressiva e a precisar de pontos como de pão para a boca. 

As camisolas já não ganham jogos hoje em dia pelo que o melhor mesmo é vestir o fato de macaco e ir para cima deles desde o apito inicial. 

 

3. Eu admito perfeitamente que os analistas de arbitragem tenham uma leitura dos lances alegadamente polémicos diferente da minha.

Faz parte até porque eu, por mais esforço que faça em procurar ser isento e coerente, não deixo de olhar para os lances com lentes azuis. 

O que já tenho mais dificuldade em aceitar é que alguns analistas revelem-se tendenciosos e incoerentes a analisar lances manifestamente idênticos, mudando de posição consoante a cor da camisola. 

Este ano pude comprovar essa parcialidade na análise ao lance de Rodrigo Mora na Madeira, onde todos os analistas sentenciaram que o mesmo era merecedor de cartão vermelho directo (o que aceito perfeitamente) mas que num lance praticamente decalcado daquele, que foi a entrada de sola de Amdouni nas Aves ao tornozelo e tendão de aquiles do adversário quando a bola já não era jogável, já ajuizaram que não se justificava mais do que um cartão amarelo. 

É claro que os analistas só por o serem não deixam de ter clube nem isso lhes é exigido mas sobre eles recaem maiores exigências de imparcialidade e coerência na análise. 

De minha parte, jamais deixarei passar exemplos ostensivos de dois pesos e duas medidas, doa a quem doer. 

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