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É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos).
Visto de Lviv, a Ucrânia está determinada a fazer parte da União Europeia. Com um espírito que, às vezes, abana, mas não quebra, a sociedade civil ucraniana continua empenhada no seu futuro europeu, apesar de uma guerra de larga escala que dura há quase quatro anos. No dia 24 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin quis levar a Ucrânia para um passado que o país, resolutamente, rejeita. Na frente daquele espírito, que se eleva acima das dificuldades diárias, está a juventude ucraniana que quer um futuro igual ao de tantos jovens europeus – um futuro onde pode, livremente, ser, estudar, trabalhar, viajar, debater, ou, simplesmente, dançar sem o medo constante dos mísseis e drones russos. Foi isto que a “Visto de Bruxelas” testemunhou a semana passada, em Lviv, a convite da Representação da Comissão Europeia em Lisboa e da Agência Nacional Erasmus+, com o apoio da Câmara de Lviv e do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
A iniciativa
O #EnlargementCEmp, que juntou um grupo de jovens portugueses e ucranianos em Lviv de 3 a 7 de setembro, foi inspirado numa iniciativa de grande êxito que a representação da Comissão Europeia em Lisboa lançou em 2017: o #SummerCEmp – uma escola de verão sobre temas europeus para estudantes universitários portugueses, acolhida, frequentemente, numa das muitas aldeias históricas de Portugal. O efeito multiplicador, o impacto pedagógico e a exposição mediática que os #SummerCEmp têm tido são singulares: tanto pelo elevado nível de participação político-institucional (nacional e europeu), como pela quantidade de jovens que participaram ao longo dos anos e que estão, agora, a viver em Bruxelas e a trabalhar na UE ou em áreas ligadas ao projeto de construção europeia. Surpreende-me, até, que o modelo não tenha sido já adotado pela Comissão Europeia e por outros países da UE...
Na Ucrânia, o encontro teve um significado diferente porque o país está a combater uma guerra de agressão que quer roubar o futuro europeu do país.
Os heróis
Todos os dias, às 9:00 horas da manhã, a Ucrânia para em silêncio durante um minuto para honrar os mortos de guerra. Foi isso, também, que o grupo fez no primeiro dia ao entardecer: uma visita ao Cemitério de Lychakivske para homenagear aqueles que tombaram na defesa da Ucrânia. Ainda tenho dificuldade em expressar o que senti ao chegar àquele espaço pleno de bandeiras ucranianas. Com o sol quase a pôr-se atrás de nós, as conversas que animaram a deslocação de autocarro tornaram-se silêncio de pedra, como bem notou um participante mais tarde. Em Lychakivske jazem cerca de 1.200 militares ucranianos – homens e algumas mulheres – uns que perderam a vida poucos dias antes de começar o #EnlargementCEmp.
É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos). Ali, olharam, porventura, com a coragem que têm demonstrado todos estes anos, para aquele que poderia ser o seu destino caso fossem enviados para a frente. Mesmo com toda a bravura e patriotismo, não imagino o que pode passar pela cabeça de um jovem quando confrontado com aquela realidade.
O centro de reabilitação Unbroken
Porque a vida continua para aqueles que ficaram feridos pela guerra de agressão, o grupo visitou um centro de reabilitação física – o Unbroken (inquebrável em português) – dedicado a militares ou a civis que sofreram lesões ou perderam membros superiores e/ou inferiores. Com valências que vão desde a reabilitação física e a saúde mental à produção de próteses e reintegração social, o centro de excelência que visitámos é fruto tanto do engenho e determinação ucraniana, como da cooperação internacional, tanto pública como privada. O mais extraordinário foi perceber que a reconversão do edifício onde está o centro e a sua extensão com edifícios novos está a ser feita com o país em guerra, demonstrando uma capacidade extraordinária de resposta do estado e do município num contexto tão exigente e de emergência.
Apesar da dor e das dificuldades por que passam aqueles que têm de recorrer ao Unbroken, são as histórias de superação que contam e que podem ser lidas aqui neste link.
O futuro europeu da Ucrânia
É esta superação que a Ucrânia também está determinada a alcançar no seu processo de entrada na UE. Como o próprio nome da iniciativa indica – #EnlargementCEmp –, muito do que se debateu em Lviv foi à volta do alargamento da UE à Ucrânia. Sobre diversos prismas, a ideia de que a Europa e a Ucrânia partilham um futuro comum sobressaiu das discussões. Como já tenho tido contato com ucranianos do setor público e da sociedade civil, desde o início da guerra, não me surpreendeu o nível de preparação e profissionalismo de todos os oradores que participaram do lado ucraniano. A maioria tinha mensagens claras sobre o que esperam e querem da UE, mas também sobre o valor acrescentado que o país pode trazer a uma união de estados que quer ser mais geopolítica – dos metais raros à segurança e defesa. E, isto, sem esquecerem as dificuldades que o processo seguramente terá. Este realismo é um importante ponto de partida para evitar futuros dissabores ou mal-entendidos entre as partes.
Como sabemos, o processo de alargamento à Ucrânia está atualmente obstruído pelo veto do Sr. Orbán da Hungria que parece estar mais empenhado em agradar a Moscovo. Aparentemente, até o Presidente Trump parece não entender a obstinação do líder húngaro neste tema… Sendo esta a realidade, é possível que as negociações ‘técnicas’ de alargamento com a Ucrânia possam avançar informalmente a 26, até que as eleições na Hungria no próximo ano possam produzir um novo primeiro-ministro que permita tornar o processo oficial a 27. Se Orbán for reeleito, a UE terá então de ser ainda mais criativa para não defraudar as expetativas de muitos ucranianos, mas, também, de muitos europeus.
Um espírito que não quebra
Apesar da guerra e de todos os obstáculos que se vão atravessar no caminho da Ucrânia nos próximos meses e anos, o que ficou claro é que o espírito inquebrável dos jovens ucranianos que se juntaram ao campo foi contagiante e tocou a todos. A coragem, a esperança, a dor, a partilha, a empatia e a amizade marcaram os dias em Lviv.
Como disse um daqueles jovens, relembrando os momentos difíceis que tinha vivido nos últimos tempos, o #EnlargementCEmp tinha-lhe dado uma lifeline*, uma “linha de vida.” É esta ‘linha de vida’ que nós europeus temos de ter a coragem de garantir, para ucranianos e para nós, permitindo que estas novas gerações possam, em paz e o mais depressa possível, ser, estudar, trabalhar, viajar, debater, ou, simplesmente, dançar como fizeram no último dia do encontro – sem recear o futuro.
* Lifeline pode ser traduzido para português como ‘tábua de salvação’ ou ‘balão de oxigénio,’ mas optei por uma tradução literal.
É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos).
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