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Nestes dias nem sequer valem hambúrgueres ou torresmos aos críticos de Ventura que não o consigam enfrentar com obra feita, seriedade e integridade.
Tempos de ruptura anunciam-se tumultuosos e incertos à medida que se sucedem, sem consternação de maior, eventos que ainda há pouco seriam classificados como calamitosos.
O governo de Israel ordenou o bombardeamento da capital de um estado onde aceitara levar a cabo conversações indirectas com o Hamas para matar dirigentes da organização terrorista palestiniana.
O ataque em Doha rompeu convenções negociais e, por implicar conivência ou inoperância de vigilância aérea de estados árabes vizinhos – Jordânia e/ou Arábia Saudita, Iraque, Koweit – e anuência de Washington, comprovou a irrelevância de compromissos de segurança na região.
A escalada aos extremos da coligação de direita e extrema-direita de Benjamin Netanyahu em Gaza e na Cisjordânia, em campanhas de violência incontida por parte dos Estados Unidos, tende a isolar Israel para seu próprio mal, maior agrura e ódio de palestinianos, desnorte em todo o Médio Oriente.
Telavive veiculou, entretanto, informalmente a estados europeus que o Irão salvaguardou, depois dos ataques israelitas e norte-americanos de Junho, quantidades suficientes de urânio, sobretudo em estado gasoso, susceptíveis de enriquecimento para fins militares a médio prazo.
Esta apreciação coincidiu com a ameaça avançada no início deste mês da Grã-Bretanha, França e Alemanha de solicitarem a reactivação de sanções da ONU contra Teerão por violação do acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.
Ameaça em contraplacado
Para os estados europeus da NATO não há como esconder a suma inoperância dos seus meios de defesa ante a provocação russa na Polónia.
A intrusão de dezanove drones sem cargas explosivas direccionados a partir da Belarus e Rússia, visando aparentemente área próxima de Rzeszów, um dos principais pontos de abastecimento de armamento à Ucrânia, no sudeste da Polónia, obrigou a recorrer de urgência a meios aéreos da NATO.
Três drones foram abatidos, de acordo com a verão corrente da Nato. Foi, portanto, escassa a eficácia da onerosa mobilização de meios da NATO para derrube dos drones Gerbera, adaptações baratas em contraplacado de madeira e esferovite dos Shahed 136 iranianos, usados para reconhecimento ou engodo.
Paris, Copenhaga, Londres, Berlim, assumiram de imediata a urgência no reforço das defesas e Washington desvalorizou o incidente.
O enredo desta semana não diverge daquilo a que se tem vindo a assistir desde a anexação da Crimeia e a guerra no Donbass em 2014.
A debilidade política dos chefes de estado e governo europeus é, todavia, estarrecedora ante a determinação de Vladimir Putin em obrigar à capitulação política da Ucrânia.
Em Londres, o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer, após perder a sua vice Angela Rayner, afundou-se mais ainda ao ter de demitir o embaixador em Washington, o famigerado negocista Peter Mandelson.
O embaixador terá contribuído para a conclusão de um acordo comercial aceitável com os Estados Unidos, mas é fraco e incerto consolo para Starmer.
A nomeação em Fevereiro do Príncipe das Trevas da era Blair fora controversa e ao acabar defenestrado pelas inconveniências da sua muito pública amizade interesseira com o pedófilo Jeffrey Epstein é a sagacidade do chefe do governo que fica em causa.
Se Starmer peca por obtusidade persistente, a perspicácia de Emmanuel Macron também não é de invejar.
Sébastien Lecornu tornou-se no quinto primeiro-ministro no segundo mandato de Macron que insiste em nomear gente próxima.
A nomeação deste terceiro chefe de governo desde a dissolução da Assembleia Nacional de 2024 é, tal como as anteriores, um exercício de
estilo arrogante de um presidente privado de maioria legislativa.
O impasse e o descalabro financeiro da França irão enterrar no ano de 2027 as ambições liberais modernizadoras de Macron e a Convergência Nacional de Marine Le Pen e Jordan Bardella tem tudo a ganhar até lá.
Tiro a tiro
Na véspera do aniversário dos ataques de 11 de 2001, o universo em expansão da direita conservadora e do radicalismo trumpista perdeu um dos seus organizadores e propagandistas mais eficazes entre os jovens.
O assassínio de Charlie King, cujo teor e estilo de campanha era particularmente efectivo junto de integristas cristãos, inquinou, ainda mais, a recorrente polémica norte-americana sobre discursos de ódio à direita e à esquerda.
O atentado aparenta vir a dar, sobretudo, mais força às tiradas de Trump sobre a necessidade de medidas de combate à proliferação de emergências – o pretexto para ampliação anticonstitucional de poderes presidenciais – em questões de segurança.
Punir, retaliar contra inimigos da MAGA, sejam juízes do Supremo Tribunal Federal de Brasília – culpados da condenação de Jair Bolsonaro –, traficantes de droga venezuelanos, governadores ou presidentes de câmara democratas, é a linha inexorável de Trump.
Com as eleições intercalares para o Congresso de Novembro de 2016 na mira, tão importante quanto a inflação, emprego ou segurança será, no entanto, a imagem que venha a ser feita do valor das promessas do presidente.
Apesar da guerra que declarou ao The Wall Street Journal por causa de notícias acerca da sua relação com o Jeffrey Epstein, Trump muito possivelmente não terá ficado desiludido com uma das notícias desta semana.
Num bastião conservador dos media – Fox News, New York Post, na vertente radical, além do influente e reputado The Wall Street Journal – e entretenimento, a News Corp. e a Fox Corp., Rupert Murdoch definiu, finalmente, aos 94 anos, os termos de herança.
Na partilha entre as quatro filhas e dois filhos do magnata australiano será Lachlan, aos 54
anos, quem herdará o controlo accionista e a direcção executiva que lhe incumbia desde 2023 da News Corp. e da Fox. Corp., cujo valor de mercado ascende actualmente a 42 mil milhões de dólares.
A orientação distintamente conservadora prevalecerá, portanto, com Lachlan Murdoch no conglomerado de media dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, cuja importância ultrapassa o mundo de língua inglesa.
Torresmos e cidadãos
Desta semanada para nós restou a imbecilidade descarada e ignara do líder da direita radical.
André Ventura, sempre nas bocas do mundo, tem, contudo, manha suficiente – tapando um disparate com uma mentira, saltitando de exagero em calúnia – para grão a grão encher o papo por falta de firmeza, carácter, mediocridade e desvario político dos demais.
O Chega sobe nas intenções de voto à conta das notícias caídas gota a gota sobre inoperância, disfunções e irresponsabilidades na administração pública, nas empresas, urgências hospitalares fechadas, crimes impunes, conivências dúbias.
Nestes dias nem sequer valem hambúrgueres ou torresmos aos críticos de Ventura que não o consigam enfrentar com obra feita, seriedade e integridade.
O poder instituído terá ainda os seus devotos, mas o desastre na Calçada da Glória, terá reforçado, entretanto, a subversiva convicção de que, entre nós, lisboetas, demais compatriotas ou estrangeiros não têm nem como, nem em quem se fiar
Os objectivos de Bruxelas de reduzir em 60% até 2050 as emissões de gases com efeito de estufa da indústria aérea surgem como cada vez menos realistas.
“Majestade, se for possível afogar os 6 ou 7 milhões de judeus no Mar Negro não levanto qualquer objecção. Mas se isso não é possível, temos de deixá-los viver”.
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A forma mais encoberta da violência obstétrica, isto é, a violência verbal, inclui comentários desrespeitosos, reprimendas desnecessárias, ironia, insultos, ameaças, culpabilização e humilhação da grávida.
Abrem-se inquéritos, anunciam-se auditorias, multiplicam-se declarações de pesar e decreta-se luto nacional. Mas os dirigentes continuam nos seus cargos, os responsáveis políticos limitam-se a transmitir solidariedade às famílias e a responsabilização dissolve-se.
É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos).