Nesta legislatura que se avizinha, as respostas dos moderados podem ser insuficientes para responder à subida da temperatura média global, soberania alimentar europeia e o escalar da guerra na Ucrânia.
No passado domingo, a Europa assistiu atentamente ao resultado das eleições para perceber o que iria ser o futuro do continente que tenta construir a paz e a solidariedade entre povos há mais de 70 anos. A democracia europeia esteve verdadeiramente ameaçada não só pela contínua ascensão da extrema-direita como pela sua proximidade com os partidos do centro.
Os resultados eleitorais, ainda que provisórios, foram um suspirar de alívio para muitos. Apesar da extrema-direita ter obtido resultados históricos e ter conseguido consolidar-se em alguns dos principais países que compõem o Parlamento Europeu como é o caso da França, Alemanha e Itália, não foi suficiente para conseguir ultrapassar os resultados obtidos pelos partidos moderados do centro.
O sobressalto não se prendia apenas com a possibilidade da extrema-direita se reforçar no Parlamento, mas também com a possibilidade de conseguir influenciar os votos para a presidência da Comissão Europeia, tendo ficado com a porta entreaberta caso fosse necessário. No entanto, as famílias políticas do Partido Popular Europeu, de centro-direita, dos Socialistas e Democratas, de centro-esquerda e do RENEW, liberais, obtiveram votos suficientes para conseguirem assegurar a possível reeleição de Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, órgão executivo da união.
Enquanto isso, a esquerda, The Left, e os verdes europeus, Greens/EFA, perderam o comboio e não foram capazes de mostrar uma alternativa à ameaça dos nacionalismos e à parca manutenção do sistema levado a cabo pelos centristas. Estes últimos não têm conseguido dar respostas para melhorar a qualidade de vida dos europeus e de quem cá chega, ao mesmo tempo que respondem à crise climática, mas mesmo assim fazem o suficiente para que o eleitorado europeu confie neles face à ameaça da extrema-direita.
Manter ostatus quoparece o cenário mais seguro perante o crescimento dos extremismos de direita ou da imaginação radical da esquerda. E como o ser humano é naturalmente averso à mudança e ao desconhecido, prefere jogar seguro e manter-se numa posição que já conhece, mesmo que nem sempre lhe seja o mais favorável.
Ostatus quotem sido aquele que dá passos tímidos nas políticas ambientais, responde ambiguamente às guerras internacionais e dá poucas respostas para atenuar as desigualdades sociais. Posicionam-se pouco a nível ideológico em questões fraturantes para conseguirem captar a atenção de qualquer democrata.
Nesta legislatura que se avizinha, as respostas dos moderados podem ser insuficientes para responder à subida da temperatura média global, soberania alimentar europeia e o escalar da guerra na Ucrânia. Tudo isto ao mesmo tempo que se combate o populismo da extrema-direita, que já está bem instalada no Parlamento Europeu, nos parlamentos nacionais e é inflamada pelos algoritmos digitais. Mas é a resposta que o povo europeu escolheu.
O centrismo é um mal menor perante o crescimento da extrema-direita. Satisfaz pouco e traz a sensação (ainda que aparente) de estabilidade e segurança que as pessoas procuram, mas não deixa de ser uma fraca resposta para as crises que o velho continente terá que enfrentar até ao final da década.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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