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Estes são os mesmos decisores políticos que muitas vezes preconizam a destruição dos recursos naturais da ilha em prol do turismo desenfreado e do desenvolvimento económico de curto prazo.
Numa luta contra o tempo para alcançar a neutralidade carbónica, assistimos mais uma vez a incêndios na ilha da Madeira que devoram a sua paisagem e o devastam o seu património natural.
Os incêndios florestais têm vindo a ser notícia regular nos meios de comunicaçãos social portugueses a cada verão que passa e a tendência que continuem a ocorrer nos próximos anos, agravados pelo aumento das temperaturas e pelo aquecimento global. Estes incêndios pioram a situação climática pois a queima de árvores liberta para a atmosfera o dióxido de carbono que estas têm acumulado, acentuando o aquecimento global e dificultando ainda mais o alcance das metas de neutralidade carbónica.
Não fossem as florestas por si só importantes o suficiente para merecerem a nossa atenção, neste caso particular temos uma agravante. Os incêndios que têm vindo a asolar o território insular está a afetar parte da Floresta Laurissilva. Esta floresta é considerada Património Mundial da UNESCO pela sua ancestralidade e pelas espécies nativas que nela habitam, tendo fauna e flora únicas que não se encontra em mais nenhuma parte do globo.
Mesmo assim, os dirigentes políticos madeirenses decidiram minimizar a gravidade dos incêndios, elogiando o sucesso da estratégia de contenção levada a cabo e desfazendo-se de qualquer responsabilidade política. A sua única preocupação residia na possibilidade de colocar em risco as populações, fazendo com que a destruição de uma floresta milenar parecesse um problema secundário não merecedor de qualquer atenção ou alarmismo.
Esta arrogância incendiária demonstra o pensamento limitado e imediatista com que os responsáveis políticos madeirenses operam. De facto, as populações ainda não estão diretamente em risco, mas estão em risco os ecossistemas envolventes dos quais as comunidades locais dependem para viver. Está também em risco uma das maiores riquezas da ilha e a perda de património natural que à semelhança das vidas humanas, não tem preço, não podendo ser restiuído ou recuperado.
Infelizmente, não é de espantar esta negligência perante a destruição do património natural. Estes são os mesmos decisores políticos que muitas vezes preconizam a destruição dos recursos naturais da ilha em prol do turismo desenfreado e do desenvolvimento económico de curto prazo.
A indiferença perante os efeitos dos incêndios acaba por ser exemplificativa das suas prioridades. Em vez de se concentrarem apenas em medidas de contenção de cada vez que um incêndio ocorre, o governo regional precisa de desenvolver uma estratégia robusta de prevenção e recuperação da área ardida, que inclua a reflorestação, a preservação dos ecossistemas, a valorização das espécies nativas e a aposta no turismo sustentável. Só assim se poderá garantir que a ilha da Madeira continue a ser um património natural único no mundo, capaz de apaixonar qualquer pessoa que por lá passe.
Agora, mais do que nunca, é necessário que os madeirenses exijam responsabilidade dos seus dirigentes políticos e que os governantes compreendam finalmente que o bem-estar das populações depende inevitavelmente da capacidade de preservar e valorizar a natureza. E isso só é possível com humildade política, contrária a esta arrogância incendiária que nos têm habituado.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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