Sábado – Pense por si

Ana Gabriela Cabilhas
Ana Gabriela Cabilhas Nutricionista e deputada do PSD
16 de junho de 2024 às 10:53

O sabor do mês de junho

Junho reúne em si uma intensa celebração, um grande significado cultural e a essência da Portugalidade, agrega os portugueses em toda a sua riqueza e diversidade, e espelha o orgulho que é ser Português.

Junho não é só mais um mês no calendário que marca o início do Verão. É o mês em que os dias crescem, se tornam mais longos, leves e soalheiros, abrilhantando o nosso quotidiano. A alegria e a felicidade saem às ruas e as oportunidades de uma boa conversa ou de juntar a família e os amigos à mesa multiplicam-se. O bom tempo leva a cada praça, a cada praia e a cada jardim uma festa ou um bailarico ao ar livre.

Além da alegria de viver, junho é o mês do Santo António, do São João e do São Pedro, onde todos se reúnem e ficam rendidos aos santos populares, cultivando e valorizando tradições que nos distinguem e elogiam enquanto povo, não fossem as festas populares autênticas e genuinamente portuguesas.

Ao longo de várias semanas, o empenho dos que sentem as marchas é bem visível e eleva ao expoente máximo o bairrismo e a competição saudável. A dedicação de alma e coração ao ensaio do espetáculo, com danças e canções, e à preparação de arcos e trajes que identificam, a rigor, cada bairro cultiva os valores essenciais, os laços vizinhos e o espírito de comunidade que fazem falta e se recomendam.

A multidão, com pessoas de todas as idades, sem estatuto ou condição social, é a expressão viva da Portugalidade. Esta multidão arrebatadora move-se e invade cada arraial, num animado pé de dança ou num comboio improvisado com anónimos. Falar de santos populares é falar de casamentos e de encontros, das ruas que cheiram a sardinha assada e da comida tradicional que junta pessoas para o convívio. É recordar os vasos de manjerico e as quadras populares, sem esquecer as palavras atrevidas. E, os martelos, os balões coloridos e o alho-porro adormecem junto ao rio, depois de terminada a noite mais longa do ano na cidade Invicta. As festas populares, espalhadas um pouco por todo o País, são baluarte do património e da cultura portuguesa, cuja experiência é renovada – contratualmente – ano após ano, de geração em geração, pela força do povo português.

O sabor do mês de junho estende-se à união entre todos os portugueses. Prestamos homenagem a Portugal, aos portugueses, à cultura lusófona e à presença portuguesa pelos quatro cantos do mundo, através da celebração do 10 de junho. Enfatizamos a nossa identidade, a nossa língua e o nosso poeta maior. Como as estrofes imortais de Camões que narram os feitos dos heróis do mar, ou as palavras apaixonadas de Torga que ecoam pelas serras de alma lusitana, a nossa história é farol que nos guia, porque um País sem memória traça o seu próprio fim. Comemoramos a Portugalidade que chega a cada Nação, divulgada pelos portugueses que se encontram no estrangeiro e que, mesmo longe de casa, continuam a manter uma ligação forte à terra natal e a engrandecer Portugal além-fronteiras.

Junho reúne em si uma intensa celebração, um grande significado cultural e a essência da Portugalidade, agrega os portugueses em toda a sua riqueza e diversidade, e espelha o orgulho que é ser Português. É o mês para recordar, celebrar e partilhar quem somos, integrando a história e o que vemos além do horizonte na nossa alma portuguesa, para preservarmos o passado e inspirarmos o futuro.

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