Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
Está tudo a acontecer demasiado rápido. A nossa democracia liberal, que é lenta e requer tempo, é a primeira vítima desta velocidade frenética.
Somos bombardeados com notícias, opiniões, factos e pseudofactos, ilusões e notificações ao minuto, sem que sobre tempo para questionar a origem e a veracidade da informação. Somos levados a aceitar passivamente o que nos é exposto e a anular o pensamento crítico, a discussão do contraditório e o exercício de cidadania informada, ou seja, somos condicionados pela ditadura do algoritmo.
Janwei Xun alerta para uma transformação ainda mais profunda com a apresentação da definição de "hipnocracia". A consciência coletiva está a ser capturada e induzida pela capacidade de construir, sustentar e multiplicar realidades alternativas. O poder atua diretamente nos estados de consciência coletivos através da manipulação algorítmica da atenção e da perceção das histórias que consumimos. As plataformas digitais passam de ferramentas de comunicação a tecnologias hipnóticas, que reconfiguram o modo como as pessoas veem, percebem, interpretam e partilham a realidade.
A perturbação e o atordoamento generalizados, pela ampliação de conteúdos, inviabilizam a estabilização de qualquer perspetiva crítica, a fixação de quadros de referência ou a compreensão lógica e racional dos factos. Toda a verdade perde o seu valor e começa a ser construída e orquestrada. Assim, a verdade consubstancia-se numa experiência coletiva que triunfa pela repetição, pela emoção ou pela incitação.
Trump e Musk, numa torrencial corrente de evidências e falsidades, anúncios e insinuações, negações e acusações, uns ditos e outros feitos, sobrecarregam as pessoas com estímulos permanentes, entre momentos de tensão profunda e promessas de soluções imediatas. O autor de Hong Kong evidencia como o tempo e o espaço são manipulados, seja no discurso da posse de Trump, com o anúncio messiânico de que a idade de ouro da América começa agora, ou na proclamação da alteração do Golfo do México a Golfo da América. Outra forma de manipulação é a encenação deliberada de gestos ambíguos por Musk, chamando a si uma atenção que conduz à controvérsia, à tensão e à divisão da realidade perpétuas, por via de cenários interpretativos paralelos. Os limites são ultrapassados sucessivamente e testemunhados por todos, como o ataque na Sala Oval a Zelensky. A cada declaração que queiramos reagir, já outra versão foi publicada, alterada, desmentida ou censurada, assegurando que a realidade e a ficção se tornam sinónimos sem que as pessoas se apercebam. Trump não só regressou à Casa Branca como inaugurou uma nova era.
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
No plano nacional, ao longo das últimas semanas, com recurso à tática dos partidos radicais e extremistas, a jorrada de narrativas falsas, a cascata de especulações e os ataques permanentes ao caráter do Primeiro-Ministro foram repetidos muitas vezes, sem que por isso se tornassem verdades. Paira no ar a ideia de que existem muitos problemas graves associados ao chefe do Governo e de que há muito por esclarecer. Não cair na armadilha da hipnocracia obriga a perceber, com lucidez, em que camada da realidade nos encontramos e a distingui-la dos factos alternativos.
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.