Ainda assim, há a consciência do descontentamento das gerações mais jovens. Ora porque não se sentem representadas, ora porque, nos últimos anos, a política se esqueceu delas.
Num tom paternalista e derrotista, não raras vezes ouvimos que os jovens são desinteressados e apáticos, que não querem saber da política e que desconsideram a importância do voto. Atribuir aos jovens a justificação para a abstenção soa-me a uma desculpa preguiçosa. Parece que até já estamos habituados a que assim seja. Os jovens são sistematicamente o bode expiatório para a abstenção e isso não posso aceitar.
Ainda assim, há a consciência do descontentamento das gerações mais jovens. Ora porque não se sentem representadas, ora porque, nos últimos anos, a política se esqueceu delas. À medida que a população vai envelhecendo, amplia-se o portefólio de desafios sociais e políticos e a necessidade de coesão social. O bónus eleitoral que as pessoas idosas, frágeis e dependentes socias representam, desequilibra as respostas para a população como um todo. Se a política não apresentar soluções para melhorar as condições de vida das novas gerações e se não existir quem fale para os jovens, estes tendem a afastar-se da política convencional. Se os jovens não representarem um setor votante forte, a política não lhes dá a atenção devida. Este círculo vicioso não é positivo nem para o País, nem para a democracia.
O sistema precisa de ser mais participado e representativo. Uma maior identificação entre eleitores e eleitos é essencial para o reforço da nossa democracia. Os partidos precisam de dar as boas-vindas ao século XXI. O conteúdo da mensagem política, a seriedade dos candidatos e dos compromissos assumidos, e os meios de fazer campanha e de estar na atividade política contam muito.
Durante esta campanha eleitoral, as condições de vida das novas gerações saltaram para o debate público, perante a dimensão do fenómeno de perda da população jovem para o exterior. Mas não se pode ficar só por aqui. A política deve ser um relógio de pulso, usado diariamente, e não um sino de igreja que só toca nas festas de Verão.
A minha geração quer saber, a minha geração quer fazer parte, a minha geração quer participar mais. Eu não vi a minha geração deixar de falar da invasão da Rússia contra a Ucrânia ou das eleições europeias. Eu não vejo a minha geração a não falar de crescimento económico, inovação e ciência. Eu não vejo a minha geração a não reivindicar progresso e justiça social. Eu vejo a minha geração a reclamar por mais habitação, melhor saúde e educação. Eu vejo a minha geração a combater as alterações climáticas. Eu vejo a minha geração a denunciar a falência dos serviços públicos, a corrupção e a desconfiança nas instituições.
Os jovens querem estar envolvidos civicamente, mas em modelos de participação onde a sua opinião seja considerada e respeitada verdadeiramente. Os jovens devem ser chamados a dar o seu contributo, não como meros comentadores da realidade, mas ocupando os lugares decisórios. Sim, é preciso dar espaço para que os jovens tenham voz na construção do presente e do futuro que merecemos, respondendo às mudanças geracionais a que assistimos.
O nosso País tem jovens de grande referência no desporto, na ciência, no empreendedorismo, na cultura... E na política, não haverá quem se destaque para os centros de decisão política ou administrativa importantes? O Senhor Presidente da República foi deputado na Assembleia Constituinte com 27 anos. Ao longo do tempo assistimos à sub-representação de jovens na Assembleia da República e no Governo. Os jovens que construíram este sistema ocupam os espaços de decisão até hoje.
O despertador está a tocar. É hora de nos levantarmos para rejuvenescer e aprimorar a democracia. Para que o relógio que marca o tempo de democracia nunca pare.
Ana Gabriela Cabilhas é candidata às eleições legislativas pela Aliança Democrática
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
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A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.