Os hábitos de leitura dos portugueses não nos podem deixar descansados. De acordo com o Eurostat, Portugal ocupa os últimos lugares em relação aos parceiros europeus.
Por esta altura ficamos a conhecer o artista e o álbum mais ouvidos do ano e surgem os concursos para eleger a palavra que melhor descreve o ano que está a terminar. Professores, guerra, vacina, saudade, violência doméstica, enfermeiro, incêndios ou geringonça fazem parte do histórico. Aposto na juventude para palavra deste ano.
Ainda assim, tenho-me interrogado se não seria interessante questionar as pessoas se durante o ano descobriram ou aprenderam uma palavra nova, ou perguntar se leram algum livro novo. Não pelo exercício de memória, mas porque aprender uma palavra nova é como ter uma chave que abre uma porta para uma nova ideia, um novo pensamento, uma nova área do conhecimento, um novo sentimento ou uma forma mais clara de comunicar com o outro. Ler é transcender o tempo e o espaço que nos são dados, numa partilha do saber e do sentir entre gerações, que multiplica as nossas experiências de vida.
Os hábitos de leitura dos portugueses não nos podem deixar descansados. De acordo com o Eurostat, Portugal ocupa os últimos lugares em relação aos parceiros europeus. O Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses, de 2020, apontava que 61% dos inquiridos não tinham lido qualquer livro impresso no último ano, superior ao registado em Espanha (38%). Há, contudo, sinais de recuperação, de esperança e ventos de mudança no estudo recente divulgado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
A faixa etária dos 25 aos 34 anos passou a ser a que compra mais livros (76%) e a faixa etária dos 15 aos 24 anos foi a que respondeu ter comprado mais livros do que em 2022 (41% do total de inquiridos). Podemos dizer que há futuro para os livros. Os portugueses reportaram ler, em média, 5,6 livros por ano e 73% afirmaram ter lido pelo menos um livro nos últimos 12 meses.
O cheiro e o toque do livro prevalecem: o papel continua a ser o formato preferido de 93% dos portugueses, e as lojas físicas são o principal canal de aquisição. Mas, o mundo da leitura vai acompanhando o mundo moderno, com 17% dos portugueses a lerem livros em formato digital, onde a ligação entre a leitura e o pensamento também acontece pelo e-book. Além disto, a escolha de leituras é influenciada pelas redes sociais como o TikTok, onde proliferam vídeos de análise aos livros.
O estudo relaciona as assimetrias do País e os hábitos de leitura. O livro não pode ser um elemento elitista, tem de ser uma ferramenta acessível a todos, para que cada um consiga alcançar o seu potencial. O empenho na concretização de políticas públicas de educação e cultura cruza-se aqui, no incentivo à leitura, à frequência de livrarias, como o Programa Cheque-livro, e na valorização das bibliotecas.
A leitura não tem apenas valor cultural, é uma pedra basilar para um pensamento estruturado. Uma sociedade que lê é uma sociedade que pensa, que interroga, que se informa, que se conhece a si e aos outros, que cresce e evolui. O momento da leitura resiste à voracidade do dia a dia e ao consumo rápido de informação. Promover a leitura é uma necessidade, porque a literacia plena impacta os níveis de cidadania.
Os livros precisam da nossa atenção e nós precisamos de mais espaços de discussão de leituras. No fim do ano, faço a sugestão de um jantar em família e amigos, onde o livro encontre o seu lugar à mesa, através da reflexão sobre o que cada um leu em 2024.
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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