"Espero que aquilo que fazemos com os dados não seja uma surpresa para as pessoas, acho que neste caso as pessoas não esperavam que os seus dados fossem vendidos à Cambridge Analytica", respondeu Zuckerberg ao senador Mike Lee, que lembrava que o modelo de negócio do Facebook se baseia na monetização dos dados das pessoas. Zuckerberg disse ainda que "há gente na Rússia cujo trabalho é explorar os nossos sistemas e outros sistemas de Internet também".
Para Zuckerberg, a Cambridge Analytica não mediu adequadamente "a responsabilidade" de fornecer dados de forma ilegal para a campanha eleitoral do Presidente dos Estados Unidos, em 2016 - e admite que "foi um grande erro" não ter impedido a empresa mais cedo. "Foi o meu erro e sinto muito", disse o presidente e fundador do gigante tecnológico, na audição do comité de Justiça do Senado norte-americano.
Trabalhar com Mueller e evitar que o mesmo aconteça em 2018
Para o presidente executivo do Facebook, o objectivo é "assegurar que ninguém interfere com as eleições que vão decorrer em 2018" - e garantiu ainda que a companhia está a trabalhar com Robert Mueller na investigação à eventual interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. "Não estou ao corrente de uma convocação, mas eu sei que estamos a trabalhar em conjunto", disse Mark Zuckerberg.
A curto-prazo, o objectivo é "assegurar que ninguém interfere com as eleições que vão decorrer em 2018". "Isto é uma corrida de armamento. Enquanto exisitirem pessoas na Rússia que o único trabalho é estarem sentados a interferir nas eleições, o nosso trabalho não acaba", afirmou Zuckerberg.
Mark Zuckerberg participou esta terça-feira na primeira de duas audições. A primeira é no Senado e na quarta-feira é ouvido na comissão de Comércio e de Energia da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso).
O Facebook está no centro de uma polémica internacional associada com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de milhões de utilizadores daquela rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, nomeadamente no escrutínio que ditou a eleição de Donald Trump para a Casa Branca e no referendo sobre o 'Brexit' (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).
Na sequência deste escândalo, outros órgãos nacionais e internacionais solicitaram a presença de Mark Zuckerberg para prestar esclarecimentos. Foi o caso do Parlamento Europeu e do Parlamento do Reino Unido. Nos dois casos, o convite foi, até à data, recusado.
Na sexta-feira, a Comissão Europeia afirmou ter tido indicações do Facebook que dados de "até 2,7 milhões" de utilizadores daquela rede social a residir na União Europeia poderiam ter sido transmitidos de "maneira inapropriada" à empresa britânica Cambridge Analytica.
Em Portugal, o número de utilizadores afectados poderá rondar os 63.080.