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Zuckerberg: Facebook "não vende os dados dos utilizadores"

O fundador do Facebook assumiu ao Senado norte-americano que errou. "O que vemos aqui é que as pessoas escolheram partilhar informação com um programador que foi transferida para fora do nosso sistema."

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, prestou esclarecimentos no Senado dos Estados Unidos (câmara alta do Congresso), numa audição de mais de quatro horas. O gancho foi a polémica que envolve a obtenção de dados de utilizadores daquela reconhecida rede social pela consultora Cambridge Analytica. "O que vemos aqui é que as pessoas escolheram partilhar informação com um programador que foi transferida para fora do nosso sistema", explicou. 

Mark Zuckerberg
Mark Zuckerberg

"Espero que aquilo que fazemos com os dados não seja uma surpresa para as pessoas, acho que neste caso as pessoas não esperavam que os seus dados fossem vendidos à Cambridge Analytica", respondeu Zuckerberg ao senador Mike Lee, que lembrava que o modelo de negócio do Facebook se baseia na monetização dos dados das pessoas. Zuckerberg disse ainda que "há gente na Rússia cujo trabalho é explorar os nossos sistemas e outros sistemas de Internet também".

Para Zuckerberg, a Cambridge Analytica não mediu adequadamente "a responsabilidade" de fornecer dados de forma ilegal para a campanha eleitoral do Presidente dos Estados Unidos, em 2016 - e admite que "foi um grande erro" não ter impedido a empresa mais cedo. "Foi o meu erro e sinto muito", disse o presidente e fundador do gigante tecnológico, na audição do comité de Justiça do Senado norte-americano.

Trabalhar com Mueller e evitar que o mesmo aconteça em 2018
Para o presidente executivo do Facebook, o objectivo é "assegurar que ninguém interfere com as eleições que vão decorrer em 2018" - e garantiu ainda que a companhia está a trabalhar com Robert Mueller na investigação à eventual interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. "Não estou ao corrente de uma convocação, mas eu sei que estamos a trabalhar em conjunto", disse Mark Zuckerberg.

A curto-prazo, o objectivo é "assegurar que ninguém interfere com as eleições que vão decorrer em 2018". "Isto é uma corrida de armamento. Enquanto exisitirem pessoas na Rússia que o único trabalho é estarem sentados a interferir nas eleições, o nosso trabalho não acaba", afirmou Zuckerberg.

Mark Zuckerberg participou esta terça-feira na primeira de duas audições. A primeira é no Senado e na quarta-feira é ouvido na comissão de Comércio e de Energia da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso).

O Facebook está no centro de uma polémica internacional associada com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de milhões de utilizadores daquela rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, nomeadamente no escrutínio que ditou a eleição de Donald Trump para a Casa Branca e no referendo sobre o 'Brexit' (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).

Na sequência deste escândalo, outros órgãos nacionais e internacionais solicitaram a presença de Mark Zuckerberg para prestar esclarecimentos. Foi o caso do Parlamento Europeu e do Parlamento do Reino Unido. Nos dois casos, o convite foi, até à data, recusado.

Na sexta-feira, a Comissão Europeia afirmou ter tido indicações do Facebook que dados de "até 2,7 milhões" de utilizadores daquela rede social a residir na União Europeia poderiam ter sido transmitidos de "maneira inapropriada" à empresa britânica Cambridge Analytica.

Em Portugal, o número de utilizadores afectados poderá rondar os 63.080.
Urbanista

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