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Zelensky diz que a Ucrânia está disposta a partilhar recursos com os EUA e pede reunião

Lusa 08 de fevereiro de 2025 às 15:42
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"Disse aos nossos parceiros americanos: invistam na Ucrânia. Tragam empresas. Trabalhem connosco. Vamos desenvolver estes recursos juntos", adiantou o presidente ucraniano.

O presidente ucraniano afirmou este sábado que está disposto a partilhar recursos com os aliados, depois deDonald Trump ter exigido acesso a matérias-primasucranianas em troca de apoio militar, e pediu para ser recebido antes de Vladimir Putin.

REUTERS/Alina Smutko/File Photo

"Isto é o que eu abordaria com o presidente Trump: não apenas como acabar com a guerra, mas como garantir uma segurança duradoura, uma forte cooperação económica e um futuro em que a Ucrânia seja um parceiro estratégico líder dos Estados Unidos", escreveu Volodymyr Zelensky na rede social X, depois de Trump ter indicado que os dois poderiam reunir-se na próxima semana em Washington.

O presidente ucraniano disse que um dos objetivos da Rússia com a guerra é controlar os abundantes recursos de que a Ucrânia dispõe e que são essenciais para o fabrico de armas modernas, como mísseis, 'drones' e outras tecnologias. "Se não agirmos agora, estes recursos não serão usados apenas contra a Ucrânia, mas poderão eventualmente ser usados contra os Estados Unidos e contra a Europa", alertou.

As regiões de Donetsk (leste) e Zaporijia (sul) contêm "vastas reservas" de terras raras, referiu o presidente ucraniano, acrescentando que Dnipropetrovsk (centro) contém "grandes depósitos" de minério ferruginoso e na Ucrânia central existem "as maiores reservas de titânio da Europa". O país tem também das maiores reservas de urânio do continente, garantiu. "Disse aos nossos parceiros americanos: invistam na Ucrânia. Tragam empresas. Trabalhem connosco. Vamos desenvolver estes recursos juntos", continuou Zelensky.

Zelensky aludiu também à capacidade ucraniana de produzir energia nuclear e à indústria do carvão, incluindo o antracite, que se encontra precisamente nas regiões de Donetsk e Lugansk, parcialmente ocupadas pela Rússia.

O presidente ucraniano destacou, por outro lado, que o país está disposto a tornar-se um "nó chave" para a importação de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA para a Europa, graças às jazidas que diz serem as maiores do continente e à infraestrutura de gasodutos já existente.

"Estamos em contacto com a equipa do presidente Trump e apoiam totalmente o interesse da Ucrânia no GNL. Não se trata apenas de gás, trata-se de reduzir a dependência da Europa da energia russa. Alguns países europeus ainda compram gás russo devido aos seus antigos laços e pressão política", explicou.

O presidente também antecipou que os esforços de reconstrução na Ucrânia, quando a guerra terminar, representarão "uma enorme oportunidade económica", da qual as empresas americanas na linha da frente também poderão beneficiar.

Por último, Zelensky considerou que é "essencial" reunir-se com Trump antes de o chefe de Estado norte-americano reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, caso contrário seria "injusto", pois significaria decidir sobre o futuro da Ucrânia sem os ucranianos. "Qualquer tipo de negociação real deve começar com a Ucrânia e os seus aliados, alinhando as suas posições primeiro. Só depois disso pode haver conversações com o agressor", defendeu.

Uma visita de Trump a Kiev seria um "passo importante e necessário" neste sentido, concluiu.

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