O ministro da Justiça e da Segurança Pública do Brasil, Sérgio Moro, anunciou, esta sexta-feira, que pediu demissão do cargo que ocupa desde janeiro do ano passado, na sequência da demissão do ex-chefe da Polícia Federal do país, Maurício Leite Valeixo, publicada no Diário Oficial da União.
A confirmação da saída do cargo foi feita durante uma conferência de imprensa, em Brasília, em que atacou a postura do presidente Bolsonaro, acusando-o de querer controlar o sistema judicial de uma maneira que nem o PT, nem a antiga chefe de estado brasileira Dilma Rousseff tentaram. Para Moro, o atual presidente do Brasil está a fazer uma "interferência politica na policia federal" de forma consciente. "Disse ao presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo", revelou.
Moro foi um dos principais membros do governo brasileiro e mantinha uma popularidade maior do que a do próprio chefe de Estado, Jair Bolsonaro, com quem entrou em atrito algumas vezes, incluindo numa tentativa anterior de exoneração de Valeixo, que aconteceu em agosto do ano passado. "Tive apoio de Bolsonaro em vários projetos, outros nem tanto. A partir do final do ano passado, passou a haver uma insistência de Bolsonaro em trocar o comando da PF. Troca no Rio [de Janeiro], sinceramente, não havia nenhum motivo para essa troca", explicou Moro, citado pela Folha de São Paulo.
O ministro da Justiça garantiu que chegou a dizer a Bolsonaro que a saída de Valeixo não seria um problema – até porque existiam "bons nomes" para o substituir – mas que era preciso uma causa. E essa nunca foi apresentada, apesar de tudo o que foi combinado aquando da formação do governo. "Houve uma promessa de que eu teria carta-branca [para gerir o ministério]. Essa interferência política gera um abalo na credibilidade, não minha, mas minha também, deste governo, com o compromisso que temos que ter com a lei", acrescentou.
"O problema que não é só a troca do diretor-geral, mas o presidente também queria trocar os superintendentes, sem que me fosse apresentada uma razão para realizar essas substituições", revelou Moro, indo ainda mais longe nas acusações. "Bolsonaro queria ter uma pessoa do seu contato pessoal no cargo, alguém junto de quem ele pudesse recolher relatórios de informação, a quem pudesse ligar, e realmente não é o papel prestar esse tipo de informação", assegurou. "Imaginem se, na Lava Jato, a então presidente Dilma, o ex-presidente ligassem para colher informações", disse, referindo-se à investigação de um mega processo de corrupção que envolve o antigo presidente Lula da Silva.
"Infelizmente não tenho como persistir no compromisso que assumi sem que tenha condições de trabalho, sem que eu tenha condições de preservar a autonomia da Polícia Federal para realizar seus trabalhos ou sendo forçado a sinalizar uma concordância com uma interferência política na Polícia Federal cujos resultados são imprevisíveis", concluiu.
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