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Salvini, o "homem livre", garante que “faria tudo outra vez”

20 de agosto de 2019 às 19:29
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Ministro do Interior italiano respondeu às críticas do primeiro-ministro, que o acusou de oportunismo e irresponsabilidade. Giuseppe Conte apresentou a demissão esta terça-feira.

As críticas do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, a Matteo Salvini não ficaram sem resposta, como se esperava. No Senado, depois do chefe de governo ter acusado o vice-primeiro-ministro de oportunismo e irresponsabilidade, Salvini deixou claro que não tem amarras e que não se arrepende de nada que fez durante o seu percurso.

 "Faria tudo o que fiz, com a grande força de ser um homem livre. Não tenho medo do julgamento dos italianos, quem tem medo da opinião dos italianos não é um homem livre", disse o também líder da Liga, partido de extrema-direita, ao intervir a seguir a Conte.

O também ministro do Interior garantiu ainda que o seu partido não receia eleições já no outono, nem uma possível aliança entre o seu parceiro de coligação, o Movimento 5 Estrelas, de Luigi di Maio, e o Partido Democrático, de Nicola Zingaretti, que podem unir-se e formar um novo executivo.

Falando em tom de campanha eleitoral, Salvini disse que quer fazer de Itália "um país livre e soberano" que "não tenha de defender-se continuamente das decisões" da União Europeia.

Salvini deu este mês por finda a coligação com o M5S, formada há 14 meses, e apresentou uma moção de censura ao primeiro-ministro.

Consequentemente, esta terça-feira, o independente Giuseppe Conte anunciou que se vai demitir, num discurso marcado por fortes críticas a Salvini, que acusou de "oportunismo" e "irresponsabilidade institucional" no desencadear desta crise política, ao "olhar exclusivamente aos interesses pessoais e do seu partido".

Conte acusou ainda Salvini de fazer o país "correr riscos graves", evocando nomeadamente o risco de "uma espiral de incerteza política e económica".

Agora, o presidente italiano, Sergio Mattarella, pode pedir-lhe que se mantenha no cargo por mais alguns dias enquanto procede a consultas para determinar se existe uma maioria alternativa no parlamento ou aceitar a demissão e encarregar outro dirigente político de construir uma coligação alternativa. Se nenhuma destas opções resultar, Mattarella pode dissolver o parlamento, abrindo caminho a eleições antecipadas.