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Protesto, intitulado "Portugueses unidos contra a Frente Nacional", teve lugar em Paris
Alguns portugueses protestaram esta segunda-feira, em Paris, contra o voto na Frente Nacional (FN) para contrariar a ideia de que "os portugueses votam todos no FN" e para lembrarem aos emigrantes "de onde vêm".
Vestida com uma t-shirt onde se lia "Amor" em cima de uma imagem do filme La Haine-O Ódio, Luísa Semedo afirmou que "muitos portugueses que para cá vieram, vieram fugir da ditadura" e há que "dar outra cara do que são os portugueses" em França, porque eles "têm um bloqueio visceral e psicológico em relação à ditadura e aos fascismos".
"Passou muito a ideia nos media, tanto franceses e sobretudo portugueses, que os portugueses votariam todos no FN ou a grande maioria. Nós queremos marcar que não, que há portugueses que não votam FN, que estão completamente contra a extrema-direita", afirmou a conselheira das comunidades portuguesas.
O protesto, intitulado "Portugueses unidos contra a Frente Nacional", foi organizado por Luísa Semedo, pela associação de luso-descendentes Cap Magellan e pela Coordenação das Colectividades Portuguesas de França, tendo integrado a manifestação contra o FN convocada para a Praça da República por várias associações francesas, ainda que com pouca afluência.
Gabriela da Fonseca Gomes tem 55 anos, foi para França com 11 anos e disse à Lusa ter "vergonha dos portugueses que votaram Le Pen" porque "esqueceram de onde vêm", considerando a possibilidade de "ir embora" se a líder da extrema-direita chegar ao poder.
"Não posso viver num país onde há o fascismo. A gente em Portugal saiu do fascismo, lutámos para ser livres e agora vamos meter o fascismo num país que nem nosso é? Não pode ser, não compreendo. Eu fiquei muito chocada com isso", declarou a franco-portuguesa que na primeira volta das presidenciais votou Jean-Luc Mélenchon e agora vai votar Emmanuel Macron para travar Marine Le Pen.
Sandrina Pereira, luso-descendente de 40 anos, quis manifestar o seu "desgosto" e exibia um desenho de Marianne, símbolo da República francesa, a tapar o rosto e com a legenda "Non à la (F)Haine" (Não à raiva), frase que lida em francês dá "Não ao FN".
"As pessoas que vieram para cá, os nossos pais, os nossos avós, lutaram para a gente poder viver num país de liberdade e estamos a estragar tudo isso ao votar por esse tipo de partidos", declarou, sublinhando que tem a impressão que os "franceses, luso-descendentes e filhos de emigrantes" não aprenderam com a lição de 2002 quando Jean-Marie Le Pen também foi apurado para a segunda volta das presidenciais.
Nuno Martins fez campanha porta-a-porta pelo candidato socialista Benoît Hamon e mostra-se agora disposto a votar Emmanuel Macron, apesar de não ser "pro-Macron", porque trata-se de um voto acima de tudo "contra a Marine Le Pen".
"A primeira vez que votei em França foi em 2002, até tenho arrepios. Quinze anos depois recomeça-se a mesma história, estamos na mesma situação. A França é o que é no dia de hoje graças aos emigrantes, aos portugueses, espanhóis, argelinos, turcos, a emigração toda que fez que a França é a França. E eles promovem o contrário", declarou o antigo deputado municipal em Noisy-le-Grand, nos arredores de Paris.
Luciana Gouveia, delegada-geral da associação Cap Magellan, está preocupada com a possibilidade de Marine Le Pen ganhar a segunda volta das eleições presidenciais a 7 de Maio porque, acusa, "o discurso dela tem-se vindo a radicalizar cada vez mais e ela tira proveito do contexto para confortar as suas posições".
"É preciso não ceder a populismos. Claro que estou preocupada. Ontem o resultado foi só a confirmação dessa preocupação. Eu não sou francesa, portanto, não voto, só tenho a nacionalidade portuguesa e cabe também a nós, mononacionais, assumir esta posição e mostrar que temos direito de estar em França e considerar este país como nosso", declarou a portuguesa de 32 anos, que está em França desde 2006.
Com um cartaz onde se lia "Portugueses unidos contra o Front National", Aurélie Pereira, que nasceu em França, sublinhou estar preocupada com o futuro dos pais emigrantes, mas também com o próprio país e com a Europa se Marine Le Pen conquistar o Eliseu.
"A cada eleição, ela sobe mais e, para mim, as pessoas não têm consciência do perigo que ela representa para França, para cada um de nós. Estou mesmo com medo para o futuro da França, da Europa. Ela joga com este medo que as pessoas têm", declarou a jovem de 24 anos.
Também Raquel Andrade Pereira, de 35 anos, não pode votar, mas deslocou-se à Praça da República "para apelar ao voto contra Le Pen porque seria a catástrofe total para este país", uma ideia partilhada por Cyrielle Kiongo, francesa de origem congolesa, que tem muitos amigos portugueses e pensa que "seria horrível" se Marine Le Pen fosse eleita Presidente.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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