A gravação foi entregue por Joesley Batista e Wesley Batista, irmãos e accionistas da JBS, aos procuradores do Ministério Público Federal e ao juiz Edson Fachin, que julga os casos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal para negociar um acordo de delação premiada (colaboração em troca da redução da pena).
A gravação citada pelo jornal brasileiro foi feita pelo empresário Joesley Batista num encontro que teve com Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial do Presidente brasileiro, a 7 de Março às 22h30.
O accionista disse ao chefe de Estado brasileiro que estava a dar ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador financeiro Lúcio Funaro uma mesada na prisão, para eles ficarem calados. Segundo o jornal, Michel Temer terá respondido: "Tem que manter isso, viu".
No seu depoimento aos procuradores, Joesley Batista afirmou que não foi Michel Temer quem determinou o pagamento em troca do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, mas disse que o Presidente tinha pleno conhecimento da operação, apelidada por ele de "cala-boca".
Segundo o diário, na gravação, Michel Temer também teria dito a Joesley Batista que o deputado Rodrigo Rocha Loures seria responsável por resolver uma pendência da J&F (holding que controla a JBS) junto do Governo brasileiro. Depois desta indicação, Rocha Loures foi filmado pela polícia brasileira a receber uma mala com 500 mil reais (142 mil euros) que foi enviada pelo empresário Joesley Batista.
O deputado Rocha Loures é muito próximo do chefe de Estado brasileiro, pois foi chefe de Relações Institucionais da vice-Presidência quando Michel Temer ocupava este cargo. Após a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, Rocha Loures virou assessor especial da Presidência da República e, em Março, voltou à Câmara Baixa, ocupando a vaga do actual ministro da Justiça, Osmar Serraglio.
Brasileiros pedem "impeachment" de Michel Temer
Centenas de pessoas concentraram-se no centro de São Paulo, no primeiro protesto organizado na sequência das denúncias de que o presidente brasileiro autorizou o pagamento de um suborno a um deputado.
Os manifestantes empunharam cartazes e bandeiras a exigir a realização de eleições directas, ao mesmo tempo que gritaram: "Fora [Michel] Temer".