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Marine Le Pen começou a ser julgada por suspeitas de uso indevido de fundos europeus

Luana Augusto
Luana Augusto 30 de setembro de 2024 às 15:55
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Em causa está a utilização de dinheiro destinado ao Parlamento Europeu para contratar assistentes para o partido. Se Le Pen for condenada, poderá ter de pagar uma multa ou até cumprir pena de prisão.

Marine Le Pen, a principal figura do partido francês de extrema-direita União Nacional (RN), começou esta segunda-feira a ser julgada, em Paris, sob a acusação de apropriação indevida de fundos da União Europeia.  

REUTERS/Gonzalo Fuentes

A política, o RN e outras 24 figuras importantes do partido, são acusados de utilizar dinheiro destinado ao trabalho no Parlamento Europeu para contratar "assistentes" para o partido - na altura chamado Frente Nacional. 

Os procuradores alegam que uma das pessoas contratadas como assistente parlamentar trabalhava, na verdade, como guarda-costas do pai de Le Pen, Jean-Marie Le Pen, que enfrenta também acusações, mas que devido a problemas de saúde não comparecerá no julgamento. Uma secretária, o chefe de gabinete de Le Pen e um designer gráfico também terão sido contratados com dinheiro europeu.

Face à investigação, os procuradores exigem a recuperação de mais de 3 milhões de euros. O RN, entretanto, já devolveu 1 milhão de euros, mas disse não se tratar de uma admissão de culpa. Aliás, todos os acusados neste processo alegam que a forma como utilizaram o dinheiro foi legítima. Esta segunda-feira, Le Pen afirmou, por isso, aos jornalistas estar "tranquila", à entrada para o tribunal. 

"Vamos provar que não existe nenhum sistema para desviar dinheiro da União Europeia", disse esta segunda-feira o porta-voz do partido, Laurent Jacobelli. "Vamos provar que é possível ser assistente de um parlamentar europeu e envolver-se na vida do RN."

Em caso de condenação, Le Pen poderá ter que enfrentar o pagamento de uma multa ou até mesmo uma pena de prisão. Além disso, corre ainda o risco de ser impedida de ocupar cargos públicos durante 10 anos, prejudicando assim as suas ambições presidenciais.

Já se for declarada inocente, o julgamento, que começa quase uma década após o início das investigações (2015), poderá ser benéfico para a líder da extrema-direita francesa, uma vez que pode melhor a sua imagem, bem como a do partido, antes das presidenciais de 2027. 

Há anos que o partido classifica a investigação como uma forma de "perseguição" e abuso político do sistema de justiça. O julgamento só deverá terminar dentro de dois meses, antecipa a BBC.

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