Sábado – Pense por si

Irlanda do Norte confirma fracasso para formar governo

04 de julho de 2017 às 19:05
As mais lidas

Os principais partidos assumiram o compromisso de manter as conversações durante o Verão

Os principais partidos da Irlanda do Norte confirmaram esta terça-feira o fracasso das negociações para formar governo. Os partidos assumiram o compromisso de manter as conversações durante o Verão, para encontrar uma solução para o impasse politico que está a acontecer.

O Partido Democrático Unionista (DUP) – o principal da comunidade protestante norte-irlandesa – afirmou que o objectivo é conseguir um acordo político.

"Estamos decepcionados por não existir um acordo esta tarde. Vamos continuar a trabalhar durante o verão, mas reconhecemos que a intensidade dos contactos será menor durante o período de férias", afirmou Arlene Foster, a líder do DUP.

A ex-primeira-ministra da Irlanda do Norte falou depois de fontes ligadas aos nacionalistas do Sinn Fein (o principal partido da comunidade católica norte-irlandesa) também terem confirmado que as duas forças partidárias mantinham as suas diferenças em assuntos considerados cruciais.

Em declarações aos 'media' norte-irlandeses, e perante a ausência de avanços significativos, as mesmas fontes do Sinn Fein disseram que os governos de Londres e de Dublin, mediadores destas conversações políticas, podiam dar por concluídos os contactos até ao próximo outono.

Momentos depois, e já numa conferência de imprensa, a líder do Sinn Fein, Michelle O'Neill, culpou a primeira-ministra britânica, Theresa May, pelo fracasso das negociações.

Michelle O'Neill acusou May de um "fracasso monumental" e de ter minado "décadas de trabalho" naquele território britânico ao ter assinado, em 26 de Junho, um acordo de governabilidade com o DUP.

Perante esta situação, é esperado que os governos britânico e irlandês também anunciem oficialmente o fim dos contactos políticos pelo menos até ao próximo mês, após a realização das marchas "Ordem Laranja", onde a comunidade protestante norte-irlandesa celebra a sua identidade e que têm sido focos de tensões e de violência entre jovens das duas comunidades (católica e protestante).

Apesar do parlamento autónomo norte-irlandês estar com a actividade suspensa desde as eleições de Março passado, os trabalhos vão encerrar oficialmente na sexta-feira.

Na segunda-feira, o ministro britânico para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, afirmava que continuava a acreditar num entendimento entre os partidos norte-irlandeses e decidiu na altura prolongar mais uma vez o prazo para as negociações políticas até ao final desta semana.

A Irlanda do Norte vive uma crise política desde a demissão, em Janeiro passado, do antecessor de Michelle O'Neill na liderança do Sinn Fein, Martin McGuinness, do cargo de vice-primeiro-ministro, por divergências com o DUP sobre um programa de subsídios às energias renováveis.

A demissão de McGuinness levou à convocação de eleições para 02 de Março, nas quais o DUP venceu, embora perdendo eleitores para o Sinn Fein.

O DUP elegeu 28 dos 90 deputados à assembleia regional, contra 27 do Sinn Fein.

Após o escrutínio, os partidos tiveram um prazo de três semanas para formar um governo de coligação, mas até à data as forças políticas norte-irlandesas não conseguiram alcançar um consenso.

O DUP acusa os nacionalistas do Sinn Fein de fazerem muitas exigências para regressar ao executivo norte-irlandês. Já o principal partido da comunidade católica norte-irlandesa argumenta que os unionistas continuam a não ceder terreno no que diz respeito às propostas relacionadas com os direitos das minorias daquele território britânico.

Em concreto, o Sinn Fein, o ex-braço político do inactivo Exército Republicano Irlandês (IRA), aponta a resistência do DUP em redigir uma lei específica que oficialize o uso da língua gaélica e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Urbanista

A repressão nunca é sustentável

Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.