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Hungria estende vistos de trabalho a russos e bielorrussos e preocupa UE

Comissária dos Assuntos Internos da União Europeia exigiu explicações ao governo húngaro sobre a nova lei que permite a atribuição de vistos de trabalho a russos e bielorrussos.

A recente decisão do governo de Viktor Orbán de flexibilizar a atribuição de vistos de trabalho e estendê-la aos cidadãos da Rússia e da Bielorrússia tem preocupado a União Europeia. Com este visto, os cidadãos russos e bielorrussos poderão trabalhar na Hungria durante dois anos sem necessidade de autorização de segurança, levar as suas famílias para o país e pedir residência permanente após três anos. Sendo membro do espaço Schengen, um passaporte húngaro significa circulação livre entre os países que o integram. 

REUTERS/Hollie Adams

A chefe dos assuntos internos da União Europeia alertou na quinta-feira a Hungria que esta decisão representa uma ameaça potencial para a segurança da Europa e garantiu que estaria disposta a tomar medidas repressivas se estas preocupações não fossem explicadas pelo governo. 

"A Rússia é uma ameaça à segurança. Precisamos de mais, e não de menos vigilância", escreveu a comissária dos Assuntos Internos da UE, Ylva Johansson, numa publicação no X. "Hoje, numa carta, peço ao governo húngaro que se explique. Se o seu esquema de acesso fácil for um risco, agiremos." 

Ylva Johansson pediu à Hungria que respondesse a perguntas sobre o esquema de vistos até 19 de agosto "dada a ameaça potencial para o espaço Schengen destas medidas unilaterais". Apesar de não ter especificado as consequências que a Hungria poderá enfrentar, a Comissão Europeia está autorizada a tomar medidas legais contra um Estado-membro caso se considere que este violou as leis da União Europeia.

A Comissão Europeia encontra-se agora a investigar se a nova medida do governo húngaro se enquadra no âmbito das regras da instituição. 

A Hungria alargou em julho o visto anteriormente disponível apenas para cidadãos da Sérvia e da Ucrânia, a cidadãos da Rússia, Bielorrússia, Bósnia, Moldávia e Macedónia do Norte. Segundo o governo do país, essa abertura a russos e bielorrussos facilitará os trabalhos de ampliação da central nuclear da empresa russa Rosatom na Hungria. Por outro lado, responsáveis europeus temem que este esquema permita a entrada de espiões e sabotadores no espaço Schengen apesar dos esforços da União Europeia para isolar a Rússia devido à guerra na Ucrânia. 

As autoridades húngaras não introduziram quaisquer quotas ou limites, mas na quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros Péter Szijjártó garantiu que este tipo de licença estará sujeito a controlos.  

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