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Fugiu de Moscovo para Portugal: “Sinto-me culpada por ser russa”

Alexandre R. Malhado
Alexandre R. Malhado 24 de fevereiro de 2023 às 08:00

A dias da mobilização russa, “Sofia” vendeu o carro, pegou nas poupanças da família e fugiu de Moscovo para Lisboa. Viajou com o cão e 10 mil euros em notas. Em Portugal, sentiu o peso das sanções: tinha os cartões bloqueados e os bancos não lhe queriam abrir conta... Agora só quer recomeçar.

Tudo mudou no último ano. Vivi em Moscovo toda a minha vida, nunca tinha vivido noutro país. Estou em Lisboa há cinco meses, mudei-me no início de setembro, a poucos dias de começar a mobilização russa. Quando a guerra começou, fiquei com medo, eu e toda a gente, mas pensávamos que não ia durar muito tempo. Uma semana, um mês talvez. Estamos no século XXI, não faz sentido começar uma guerra, matar pessoas por território. Os meses foram passando, o confronto foi piorando e começámos a ouvir falar em fechar as fronteiras. Na farmacêutica onde trabalhava, deixaram de receber novos pacientes para ensaios clínicos. Aliás, a maioria das empresas farmacêuticas na Rússia parou mesmo de fazer ensaios, que era a única esperança de doentes oncológicos receberem tratamento alternativo. Deixaram as pessoas morrer por causa da política.

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