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Erdoğan: "É um momento histórico"

16 de abril de 2017 às 21:56
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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, discursou aos jornalistas e falou com a multidão que o apoiou na votação do referende deste domingo

"É um momento histórico". Foi assim que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, descreveu a vitória do "sim" no referendo deste domingo, apelando aos países estrangeiros para "respeitarem o resultado". A oposição continua a desconfiar da contagem dos votos. "As condições do referendo não foram justas e iguais para os dois lados", afirmou o líder do CHP, Kemal Kiliçdaroglu.

O chefe de Estado considerou que os resultados, não oficiais, demonstram que o referendo destinado a reforçar os poderes presidenciais venceu com uma margem de 1,3 milhões de votos, com uma taxa de participação "de 86%".

Numa primeira reacção internacional, o chefe de gabinete da chanceler alemã Angela Merkel considerou que o resultado do referendo reflecte "o vivo debate político" que existe no país euroasiático. "Penso que podemos dizer que os resultados estão perto daquilo que algumas pessoas receavam", disse Peter Altmaier em declarações à cadeia televisiva ARD.

Altmaier precisou que ainda era cedo para mais comentários, porque a contagem dos votos ainda não estava concluída, e recordou que os observadores eleitorais ainda terão de emitir a sua opinião sobre o sufrágio.

O Presidente turco assumiu um tom conciliatório em Istambul, numa referência aos resultados do referendo, ainda não confirmados oficialmente. No entanto, avisou os críticos que "menosprezam" o resultado da consulta "que não o devem fazer, porque será em vão".

O Presidente turco fez questão de agradecer aos eleitores, independentemente da sua opção de voto. "É sempre difícil defender uma alteração, e fácil manter o status quo, mas graças a Alá que tivemos êxito. Apenas vão ser reformados 18 artigos [da Constituição] mas as alterações serão muito profundas", anunciou Erdogan.  

Antes de discursar perante o seu povo, em declarações aos jornalistas, Erdogan prometeu "reconstruir a Turquia" e acabar com o terrorismo. "Vamos começar a reconstruir a Turquia a partir de amanhã. Não precisamos de conversas e discussões desnecessárias, porque elas não vão beneficiar o nosso país. Só temos de criar projectos, respeitar o que o povo turco decidiu hoje e temos de trabalhar arduamente, incluindo na nossa luta contra o terrorismo. Temos de tirar o terrorismo da Turquia. Só espero que o resultado de hoje traga boas notícias para a Turquia", frisou, citado pelo Observador.


As principais forças da oposição já denunciaram uma fraude eleitoral e prometeram contestar os resultados que apontavam uma vitória do "sim" com 51,35%, quando estavam contados 99,17% dos votos. 

Numa referência à reintrodução da pena de morte, um tema que regressou à actualidade política turca na sequência do sangrento e fracassado golpe de Estado de Julho de 2016, considerou que a questão "deverá ser discutida" com os líderes políticos do país, e eventualmente necessitar de um referendo.

Ao responder a uma multidão em Istambul que gritava "pena de morte", disse que "agora vou discutir essa questão com [o primeiro-ministro Binali] Yildirim".

Se a oposição apoiar o restabelecimento da pena de morte, "então vou aprovar" essa medida, afirmou, mas caso não o deseje "então organizaremos um novo referendo".