A posição de Hallengren surge alinhada com os Estados Unidos, Austrália e Alemanha, que exigiram a Pequim mais informação sobre a origem do vírus.
A Suécia admitiu hoje pedir à União Europeia que investigue a origem da pandemia do novo coronavírus, juntando-se a outros países, numa decisão que pode deteriorar ainda mais as relações entre Estocolmo e Pequim.
"Quando a crise global da Covid-19 estiver controlada, é razoável e importante que seja realizada uma investigação internacional independente para que se apure a origem e a disseminação do coronavírus", escreveu a ministra da Saúde da Suécia, Lena Hallengren (na imagem), numa resposta ao parlamento sueco.
A posição de Hallengren surge alinhada com os Estados Unidos, Austrália e Alemanha, que exigiram a Pequim mais informação sobre a origem do vírus. O Governo chinês defendeu que foi sempre transparente e que a origem da doença devia ser deixada para cientistas e não politizada.
A ministra da saúde sueca considerou ser "importante que a forma como toda a comunidade internacional lidou com a pandemia de Covid-19, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), seja investigada".
"A Suécia tem o prazer de levantar esta questão no âmbito da cooperação dentro da UE", apontou.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou este mês que vai suspender a contribuição do país à OMS, justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia de covid-19.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, sugeriu que qualquer investigação à OMS deveria ocorrer após o término da pandemia.
"Achamos que a OMS está a fazer um trabalho importante neste momento e, portanto, julgamos não ser altura de prestar contas, mas antes de os deixar fazer o seu trabalho", defendeu, na quarta-feira, durante um seminário via 'online' organizado pela unidade de investigação Atlantic Council, que tem sede em Washington.
A ministra ressalvou, porém, que esta posição não significa que Estocolmo está "feliz" com o trabalho da organização.
A Suécia foi o primeiro país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China, em 1950, mas as relações entre os dois países foram abaladas, nos últimos anos, pelo caso de Gui Minhai, um editor e livreiro sueco de origem chinesa, de 54 anos, que vendia obras críticas do regime chinês em Hong Kong.
Gui desapareceu durante umas férias na Tailândia e apareceu detido na China mais tarde. Em fevereiro passado foi condenado a 10 anos de prisão por um tribunal chinês por "prestar serviços ilegais de inteligência a países estrangeiros".
Em novembro passado, os dois países voltaram a envolver-se numa disputa diplomática, depois de a ministra da Cultura da Suécia, Amanda Lind, ter participado numa homenagem ao livreiro, apesar de o embaixador chinês em Estocolmo ter avisado que a participação de qualquer representante do Governo no ato implicaria uma proibição da sua entrada na China.
Na semana passada, a Suécia ordenou o encerramento do último Instituto Confúcio no país. O organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua e cultura chinesa, e presente em universidades em todo o mundo, é visto como parte da propaganda e atividade de influência do regime chinês.
Não é claro se outros países da UE seguirão o apelo da Suécia para que seja realizada uma investigação, mas a pandemia parece ter gerado um clima de hostilidade entre a Europa e a China.
Na segunda-feira, a União Europeia rejeitou ter cedido a pressões de Pequim para "suavizar" as referências à China no seu mais recente relatório sobre desinformação no quadro da pandemia da Covid-19, garantindo que expõe sem interferências os factos sobre "fake news".
Segundo o relatório, atualizado na passada sexta-feira, e que se segue a outros documentos já publicados em 19 de março e 01 de abril, "apesar do seu impacto potencialmente grave na saúde pública, fontes oficiais e estatais de vários governos, incluindo a Rússia e - em menor grau - a China, continuaram a visar amplamente as narrativas de conspiração e a desinformação, tanto junto das audiências públicas da UE como da vizinhança mais ampla".
Na quarta-feira, o embaixador chinês em França, Lu Shaye, criticou os jornalistas franceses a trabalhar na China, através da rede social Twitter.
"Os jornalistas franceses publicados na China sempre relatam outras coisas. Isso dá uma impressão ao público francês de que a China é um país muito mau; tudo acontece contra a humanidade, falta de direitos humanos, falta de liberdade", afirmou.
No início deste mês, Lu foi convocado pelo ministro nos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, depois de a embaixada ter espalhado desinformação sobre trabalhadores franceses na área da saúde abandonarem o emprego e deixarem os idosos a morrer "à fome e de doenças".
Covid-19: Suécia admite pedir à União Europeia que investigue origem da pandemia
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.