Ao mesmo tempo, a imprensa espanhola adianta que o actual presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, está inclinado a manter a realização da cerimónia de investidura para esta terça-feira. Porém, a possibilidade de que seja o próprio plenário a adiar a sessão não está descartada.
Segundo informou o Tribunal Constitucional, o plenário vai reunir-se para analisar as alegações apresentadas esta segunda-feira por Puigdemont e os deputados eleitos pelo movimento independentista Juntos pela Catalunha. No seu documento, pedem que o Tribunal Constitucional deixe sem efeito a resolução com que, no passado dia 27 de Janeiro, o plenário acordou a suspensão preventiva da investidura de Puigdemont como presidente da Generalitat (governo regional) se as condições indicadas nessa resolução não forem cumpridas.
O Tribunal Constitucional de Espanha decidiu, por unanimidade, suspender a investidura à distância de Carles Puigdemont como presidente do governo regional da Catalunha. O tribunal determinou ainda que o discurso a pedir o apoio dos deputados só conta se for feito presencialmente no parlamento em Barcelona.
Esta é uma medida de precaução acordada em resposta ao recurso interposto na sexta-feira pelo Governo espanhol e que é acompanhado por um requerimento que adverte os membros do parlamento regional das responsabilidades, inclusive criminosas, que podem incorrer se desobedecerem a esta suspensão.
A medida acordada, citada pela agência Efe, passa por suspender "qualquer sessão de investidura que não seja presencial e que não atenda a três condições".
A primeira condição consiste em impedir o debate e a votação de investidura do deputado Carles Puigdemont como candidato a presidente da Generalitat que não seja de forma presencial, impedindo igualmente que este se faça representar por outro deputado.
Também não poderá realizar-se a investidura do candidato "sem uma pertinente autorização judicial, mesmo que este compareça pessoalmente na Câmara uma vez que sobre ele impende uma ordem judicial de busca e detenção".
Como terceira condição, os magistrados do Constitucional espanhol determinam que os membros do parlamento com ordem judicial de busca, captura e detenção não podem delegar o voto em outro parlamentar. Os juízes do Constitucional declararam ainda "totalmente nulo e sem valor nem efeito qualquer ato, resolução ou acordo que contrarie as medidas cautelares adoptadas na presente resolução".
Puigdemont exige imunidade parlamentar
Esta segunda-feira, Puigdemont pediu a Torrent que garanta a sua imunidade parlamentar para poder assistir à sessão de investidura do executivo e exigiu que sejam tomadas as medidas necessárias para "salvaguardar os direitos e prerrogativas do parlamento e dos seus membros".
O independentista recordou ainda que o regulamento do parlamento protege o seu direito de assistir aos debates e às votações do plenário e que, devido à sua condição de deputado, "só pode ser detido em caso de flagrante delito".
Carles Puigdemont, que se encontra na Bélgica desde finais de Outubro do ano passado, pretendia inicialmente proferir o seu discurso de investidura, na terça-feira, a partir do parlamento flamengo.
Puigdemont fugiu à justiça espanhola e chegou à Bélgica a 30 de Outubro, juntamente com quatro conselheiros, depois de o governo espanhol os ter destituído, ao abrigo do artigo 155 da Constituição de Espanha que ilegalizou um referendo promovido pelos independentistas.