Segundo o MP, a 27ª vítima mortal é Christian Humberto Ochoa Soriano, de 22 anos, que faleceu terça-feira à noite (madrugada de quarta-feira em Lisboa) num centro hospital da cidade de Valência, capital do Estado de Carabobo, 150 quilómetros a oeste de Caracas.
A vítima foi atingida com vários tiros na segunda-feira passada, durante uma manifestação convocada pela oposição, transportada para um hospital, onde viria a morrer.
A confirmação da morte teve lugar no mesmo dia em que milhares de apoiantes da oposição voltaram a manifestar-se em Caracas, para exigir a convocação de eleições gerais no país, a libertação dos presos políticos e o fim da repressão. Além disso, protesta-se também contra duas sentenças recentes do Supremo Tribunal de Justiça, que concedeu poderes especiais ao chefe de Estado e limitou a imunidade parlamentar, assumindo as funções do parlamento.
Condenação à censura
Os problemas na Venezuela levaram a ONU e a ComissãoInter-americana de Direitos Humanos (CIDH) a emitir um comunicado conjunto condenando a censura oficial, o bloqueio de espaços informativos, a detenção e ataques a jornalistas no país.
"Exortamos ao governo da Venezuela a libertar de imediato todos os detidos por exercerem o jornalismo e os seus direitos de opinião e expressão", disseram as organizações no comunicado, que dá conta de que pelo menos 12 jornalistas terão sido detidos pelas autoridades venezuelanas.
O documento foi emitido em conjunto pelo relator especial da ONU sobre o direito à liberdade de opinião e de expressão, David Kaye, e o relator especial para a liberdade de expressão da CIDH, Edison Lanza.
Segundo aquelas organizações "a regulação, limitação e bloqueio de páginas (web) ou de sinais televisivos que transmitem pela Internet, mesmo em estado de emergência, são desproporcionadas e incompatíveis com as normas internacionais". "Tanto antes como depois da ruptura da ordem constitucional e democrática, denunciada por organismos internacionais, o espaço para as vozes críticas dos jornalistas, representantes da sociedade civil, defensores de direitos humanos e representantes da oposição se tem deteriorado em forma contínua".
Segundo o comunicado, há registos de detenções de jornalistas venezuelanos e internacionais durante as manifestações. Nalguns casos, os afectados foram libertados, depois de várias horas ou dias de detenção.
Entre os casos referido está o de Braulio Jatar, que permanece detido desde Setembro de 2016, depois de divulgar um vídeo, na Internet, em que várias pessoas protestam perante o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante uma visita à ilha venezuelana de Margarita (nordeste).
Por outro lado, o comunicado sublinha que pelo menos três páginas web com noticiários e informação de interesse geral para os venezuelanos foram bloqueadas pelas operadoras privadas de Internet, na sequência de ordens da Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela.