Os protestos duram já nove meses e eclodiram depois de o desabamento de parte do teto da estação ferroviária de Novi Sad, que matou 16 pessoas.
Os protestos antigovernamentais na Sérvia intensificaram-se
na noite de sexta-feira, assim como os relatos de brutalidade policial e
utilização excessiva de força.
Protestos antigovernamentais na Sérvia ganham força com manifestantes nas ruasAP Photo/Darko Vojinovic
Sexta-feira foi já a quarta noite consecutiva de protestos
em todo o país, vividos especialmente em Belgrado, onde a polícia disparou gás lacrimogéneo
contra manifestantes e tentou separa grupos rivais de manifestantes.
Na sequência dezenas de pessoas ficaram feridas e centenas
foram detidas apenas nesta semana. As manifestações de sexta-feira tinham como
tema: “Vamos mostrar-lhes que não somos saco de pancada”.
Os protestos anticorrupção e pró-democracia começaram há
nove meses, sendo a maior parte deles pacíficos. Na sexta-feira o presidente da
Sérvia, Aleksandar Vucic, disse que o Estado é mais forte do que qualquer
protesto e elogiou a conduta da polícia nas últimas manifestações: “Esta é a
fase do desespero e da impotência, quando não há mais nada a oferecer aos
cidadãos além de espancamentos e cassetetes”, afirmou à emissora nacional RTS.
O ministro da Administração da Sérvia, Ivica Dacic, negou
que a polícia tenha usado força excessiva e culpou os manifestantes por
atacarem as forças policiais. No entanto vários vídeos partilhados nas redes
sociais demonstram polícias em confrontos diretos com os manifestantes.
As manifestações também foram perturbadas por apoiantes do
presidente, que se infiltraram e estão a ser acusados de atirar fogo de
artifício, pedras e garrafas de vidro contra os manifestantes contra o governo.
Desde novembro que os protestos eclodiram, sobretudo
liderados por estudantes universitários, depois de o desabamento de parte do
teto da estação ferroviária de Novi Sad, que matou 16 pessoas. Muitos sérvios
atribuíram a tragédia à corrupção enraizada no país e à negligência em projetos
de infraestrutura do Estado.
As vigílias pelas vítimas rapidamente se transformaram em
manifestações em massa, com centenas de milhares de sérvios a exigirem uma
investigação sobre a tragédia, além de eleições antecipadas.
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".