O gigante da energia ENI indicou à agência noticiosa cipriota que, na sexta-feira, um dos navios recebeu ordens de navios turcos para se imobilizar devido a "actividades militares" nesse sector.
A embarcação dirigia-se para o bloco 3 da Zona económica exclusiva (ZEE) de Chipre com o objectivo de iniciar a exploração deste bloco que se encontra a leste da ilha dividida.
Chipre está dividida desde 1974, quando as tropas turcas invadiram o terço norte da ilha numa reacção a um fracassado golpe de Estado ultra nacionalista que pretendia a união da ilha à Grécia. Cerca de 40.000 soldados turcos permanecem estacionados na auto-proclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), apenas reconhecida por Ancara.
As explorações de gás conduzidas na ZEE pela República de Chipre, membro da União Europeia (UE) desde 2004, mas que apenas exerce a sua autoridade sobre 63% do território do país, estão na origem de um novo período de tensão com o Governo turco, que exige a sua suspensão enquanto não for encontrada solução para a divisão da ilha.
Na sequência de diversas tentativas falhadas de reunificação, o Presidente cipriota Nikos Anastasiades, reeleito em 04 de Fevereiro para um segundo mandato, comprometeu-se em pôr termo à divisão da ilha.
"Vamos manter a calma com o objectivo de evitar qualquer crise e tomaremos todas as medidas diplomáticas necessárias para que seja respeitada a soberania de Chipre", afirmou hoje.
"Tentaremos evitar tudo o que possa agravar a situação, sem ignorar o facto que as acções da Turquia são uma violação do direito internacional", acrescentou.
Por seu turno, e em comunicado, o ministério turco dos Negócios Estrangeiros denunciou as actividades "unilaterais" de Chipre "em desprezo pelos direitos inalienáveis dos cipriotas turcos, co-proprietários da ilha, sobre os recursos naturais" de Chipre.
"Esta atitude não construtiva dos cipriotas gregos também representa um importante obstáculo à resolução do problema cipriota", prosseguiu o ministério, numa referência à divisão da ilha.
Chipre, que desencadeou há mais de sete anos operações de prospecção ao largo das suas costas, anunciou na quinta-feira a descoberta de importantes reservas de gás no bloco 6, a sudoeste do bloco 3, pelo grupo italiano ENI e o francês Total.
Em 2017, a ExxonMobil e a Qatar Petroleum assinaram um contrato de licença com Nicósia para explorar o bloco 10, situado perto do campo de gás natural egípcio "Zohr", onde foram descobertas imensas reservas de gás.