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China apresenta plano para tornar os rapazes mais “masculinos”

Mariana Branco
Mariana Branco 05 de fevereiro de 2021 às 11:13
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Ministério da Educação quer enfatizar os atributos masculinos. Objetivo é contratar mais professores de educação física e renovar as aulas de ginástica nas escolas.

O governo chinês acredita que os jovens estão a ficar mais efeminados. Para combater o que considera um problema, criou um plano para levar os rapazes a praticar mais desporto e torná-los mais "masculinos".

China. Jovens
China. Jovens Getty Images

Numa tentativa de enfrentar o que considera uma "crise de masculinidade", o Ministério da Educação propôs enfatizar os atributos masculinos, ao contratar mais professores de educação física e renovar as aulas de ginástica nas escolas primárias e secundárias.

O plano, apresentado na semana passada, responde à proposta de Si Zefu, um membro da Conferência Política Consultiva Popular da China, órgão consultivo do Governo, apresentada em maio de 2020. Intitulada "Proposta para Prevenir a Feminização em Jovens", defendia que muito mais homens deveriam ser contratados como professores de educação física para aumentar a "influência masculina" nas escolas.

Em comunicado, Si Zefu afirmava que a prevalência de professoras nas escolas e a popularidade dos "rapazes bonitos" na cultura pop tinha feito os jovens "fracos, inferiores e tímidos".

Apesar de ter poucos detalhes, o plano gerou polémica e está a levar a um aceso debate nas redes sociais – um hashtag sobre o plano do ministério reuniu, pelo menos, 1,5 mil milhões de opiniões na rede social Weibo.

Alguns utilizadores expressaram desagrado face à proposta, defendendo que evidencia a discriminação sexuale  a perpetuação dos estereótipos de género, mas houve quem a apoiasse: "É difícil imaginar que rapazes tão efeminados consigam defender o seu país de uma invasão estrangeira", lia-se num comentário partilhado pelo New York Times.

A televisão pública local CCTV questionou, por seu lado, a proposta do ministério. "A educação não é simplesmente sobre cultivar ‘homens’ e ‘mulheres’. É mais importante desenvolver uma vontade de assumir responsabilidades", escreveu no Weibo.

Citada pela Reuters, a investigadora feminista Li Jun defendeu que o plano do ministério reflete as atitudes estereotipadas em relação ao género: "A proposta representa alguns estereótipos na China sobre a masculinidade, que é contra a igualdade e diversidade de género, uma vez que considera ser efeminado como algo negativo e perigoso, e considera a masculinidade como sendo útil à nação chinesa".