Quem é Houssein Salami, o general iraniano que deu ordem de ataque a Israel?

Salami, nascido em 1960, juntou-se à Guarda Revolucionária durante a guerra entre o Iraque e o Irão, na década de 80 do século passado, quando ainda era um estudante universitário. Rapidamente começou a subir na hierarquia do exército e a notabilizar-se pela sua agressividade contra os "inimigos iranianos". 

Em 2016, foi recebido pelo aiatola Khamenei por ter detido oito marinheiros norte-americanos cujo navio entrou em águas iranianas. Os marinheiros estiveram detidos durante 15 horas, tendo Washington afirmado que o barco não tinha conseguido entrar na região devido a uma avaria mecânica. Salami afirmou que quando foram capturados, os prisioneiros começaram a chorar.

Salami foi promovido pelo Líder Supremo do Irão, Ali Khamenei, a major-general em 2019, em substituição de Mohammad Ali Jafari e um dia depois dos Estados Unidos terem declarado a Guarda Revolucionária do Irão como uma organização terrorista. Poucas semanas depois, o investigador do Washington Institute for Near East Policy Mehdi Khalaji explicava num ensaio que a escolha de Salami era o "enfatizar da vontade" de endurecer a luta contra o Ocidente. Salami "é mais duro" do que o seu predecessor, explicava o especialista.

Ao contrário de maior parte dos comandantes da Guarda Revolucionária, Salami é um líder que gosta de falar em público, sendo conhecido pelos seus discursos anti-Estados Unidos e anti-Israel. Um perito em política no Médio Oriente descreveu-o como "um especialista em guerra psicológica". Salami chegou mesmo a afirmar que o Irão era uma força "absoluta" na região do Médio Oriente, prevendo uma guerra contra os Estados Unidos em poucos meses, sublinhando que Teerão não desejava entrar em guerra, mas que estava preparada para ela. Estas declarações foram feitas em maio de 2019.

Em março de 2020, Salami afirmou que a pandemia de covid-19 era uma "guerra biológica" e que o vírus podia ser uma arma biológica desenvolvida pelos americanos.

A Guarda Revolucionária do Irão foi criada a seguir à revolução de 1979 que provocou a queda do xá Mohammad Reza Pahlavi. Esta força é composta por cerca de 125 mil soldados divididos por unidades marítimas, terrestres e aéreas. Integra ainda a milícia religiosa Basij, uma força paramilitar de voluntários leais ao poder clerical que costuma reprimir os protestos contra o governo iraniano.

Os EUA consideram tanto o Hezbollah, como a Guarda Revolucionária do Irão, terroristas. Na União Europeia, apenas o Hezbollah é considerado grupo terrorista, mas em janeiro deste ano o Parlamento Europeu deu os primeiros passos para a inclusão da Guarda na lista. 

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