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Procuradora militar israelita que revelou vídeo de tortura a preso palestiniano foi detida

Diogo Barreto 03 de novembro de 2025 às 21:21

Yifat Tomer-Yerushalmi foi acusada de obstrução à justiça por divulgar um vídeo de violação a preso palestiniano.

A procuradora militar israelita que apresentou a sua demissão na sexta-feira passada, Yifat Tomer-Yerushalmi, foi detida esta segunda-feira por obstrução à justiça. Durante o fim de semana foi dada como desaparecida, mas foi encontrada a salvo no domingo à noite. 
Yifat Tomer-Yerushalmi detida por divulgar vídeo de tortura a preso palestiniano IDF
Tal como Yifat Tomer-Yerushalmi, também foi detido o ex-procurador-chefe militar, o coronel Matan Solomesh, igualmente acusado de obstrução à justiça. Amos foram ouvidos em tribunal esta segunda-feira e ficarão detidos até quarta-feira, pelo menos. Itamar Ben-Gvir, o ministro da Segurança Nacional de Israel, anunciou que a polícia prisional “redobrará os seus esforços para proteger a vida” da ex-procuradora militar. Ben-Gvir defendeu esta medida para “continuar a investigação de forma profissional e chegar à verdade dos factos no caso que originou uma acusação grave contra (…) o Exército de Israel”. Tomer-Yerushalmi admitiu ter divulgado, há um ano, um vídeo de tortura contra um prisioneiro palestiniano na prisão da base militar de Sde Teiman. A general confessou que divulgou o vídeo antes de explicar que aprovou a difusão do material na tentativa de “contrapor a propaganda falsa que tinha como alvo as forças do Estado”. No vídeo vê-se como os soldados escolhem um homem que se encontra deitado nu no chão na base de Sde Teiman e depois o violam, enquanto se protegem com escudos para ocultar a sua identidade. Cinco reservistas estão a ser acusados de terem dado pontapés e pisado o detido, arrastando-o pelo chão, dando choques com uma taser, incluindo na cabeça, enquanto ele estava algemado e de olhos vendados. Na acusação não estão mencionadas as suspeitas de violação. “Em vez de um abraço, recebemos acusações, e não nos permitiram responder. Celebraram um julgamento simulado como se já tivessem decidido quem era culpado. Não nos iremos calar. Continuaremos a lutar. Só pedimos justiça”, declarou um porta-voz dos reservistas. Durante o fim de semana a general esteve incontactável durante horas e o seu carro foi encontrado abandonado na Praia de Hatzuk, em Telavive. Segundo a televisão pública israelita Kann, as autoridades encontraram também uma carta de suicídio. Desde o início da ofensiva militar contra Gaza, milhares de palestinianos, principalmente da Faixa de Gaza, foram detidos em Sde Teiman, no deserto do Neguev, no sul do país. A ONG Médicos pelos Direitos Humanos e a Amnistia Internacional documentaram a prática sistemática de torturas, espancamentos e agressões sexuais em Sde Teiman contra palestinianos, muitos deles detidos sem terem sido alvo de acusações formais. No âmbito do cessar-fogo em Gaza, Israel entregou milhares de palestinianos que estavam detidos no país em troca de reféns, incluindo corpos de presos que as autoridades do enclave palestiniano denunciaram apresentar marcas de torturas.
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