O que se sabe sobre o jovem de 17 anos morto por um polícia em França?
Nahel foi morto por um polícia em Nanterre na terça-feira de manhã durante uma operação STOP.
Nahel M, de 17 anos, foi baleado por um polícia durante uma operação STOP em Nanterre e acabou por morrer na manhã de terça-feira. A sua morte arrastou França paratrês noites de protestoscontra a violência policial marcadas por confrontos e centenas de detenções.
O jovem filho único e criado apenas pela mãe, tinha descendência argelina, fazia entregas de comida enquanto estudava para ser eletricista em Suresnes. Ainda que o seu histórico académico não fosse um sucesso.
Há três anos passou a fazer parte da equipa de rugbyPirates of Nanterre, como parte de um programa de integração para adolescentes com dificuldades escolares dirigido pela associação Ovale Citoyen. O programa pretendia acima de tudo ajudar jovens de meios carenciados a aliarem o desporto com as aprendizagens escolares.
Os meios de comunicação locais têm falado com pessoas próximas de Nahel que afirmam que se tratava de um jovem muito querido, filho único, que vivia só com a mãe e nunca tinha conhecido o pai. Na terça-feira, segundo conta a BBC, terá saído de casa para trabalhar despedindo-se da mãe, dizendo-lhe: "Amo-te mãe".
Pouco tempo depois foi morto com um tiro à queima-roupa que o atingiu no peito enquanto estava ao volante de um carro que tentava escapar de uma operação STOP.
Apesar de não ter antecedentes criminais o jovem já era conhecido pela polícia. Nahel tinha sido identificado em cinco operações policiais desde 2021, a maior parte envolvendo caros e nas quais se recusou em cooperar. Era esperado que se apresentasse no tribunal de menores em setembro depois de um incidente no fim de semana passado.
Na tarde de quinta-feira a mãe organizou uma vigília em Nanterre, local onde sempre viveram, durante a qual partilhou que não sabia qual seria o propósito da sua vida a partir de agora: "Dediquei-me sempre a ele. Só tenho um filho, não tenho dez. Ele era a minha vida, o meu melhor amigo".
Jeff Puech, presidente da Ovale Citoyen, descreveu Nahel como "um jovem que utilizava orugbypara sobreviver" : "Ele tinha vontade de se encaixar social e profissionalmente, não era um jovem que traficava drogas ou que usava o crime para ocupar o seu tempo".
O advogada da família, Yassine Bouzrou, afirmou que este caso não se prende com questões de racismo mas sim com "cultura de impunidade" existente em França, uma vez que existe "uma lei e um sistema judicial que protegem apenas os polícias".
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