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O Estado de uma União dividida e com desafios por alcançar

Débora Calheiros Lourenço 10 de setembro de 2025 às 07:00

Ursula von der Leyen vai fazer o seu quinto discurso do Estado da União, num ano marcado pela falta de consensos internos e dificuldade em assumir uma posição a nível internacional.

Esta quarta-feira, Ursula von der Leyen volta ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, para o tradicional discurso sobre O Estado da União durante uma sessão plenária marcada pelas diferenças dos eurodeputados quanto à guerra na Ucrânia, em Gaza e à relação da União Europeia (UE) com os Estados Unidos.
Ursula von der Leyen discursa sobre o estado da União Europeia AP Photo/Geert Vanden Wijngaert, File
Vários críticos da presidente da Comissão Europeia têm considerado que o que assinou com Donald Trump é desequilibrado e prejudica o Bloco dos 27, mas também têm acusado Ursula von der Leyen de abandonar os agricultores devido ao acordo assinado com a América do Sul, de retroceder nas políticas para combater as alterações climáticas e de permanecer em silêncio relativamente à situação em Gaza. A UE tem também tido bastante dificuldade em assumir-se como um mediador internacional efetivo para o fim da guerra na Ucrânia, apesar de se manter forte no apoio ao país com estatuto de candidato. O Estado da União, discurso feito anualmente desde 2010, marca o início de um novo ano político, mas este ano deverá ser também uma tentativa de von der Leyen apaziguar os ânimos dentro do Parlamento Europeu. Tipicamente este é um discurso que marca o tom dos doze meses seguintes, com promessas, mas também onde o presidente da Comissão Europeia elenca as conquistas do último ano. A ex-ministra da Defesa alemã está no seu segundo mandato e apesar de terem passado apenas dez meses desde que foi reeleita, a sua liderança está a ser bastante questionada, até porque não tem muitas conquistas para apresentar. A realidade é que diferentes grupos políticos, especialmente os sociais-democratas e os socialistas, tendem a fazer acordos para dividirem entre si a eleição da presidência da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, que neste momento pertence a António Costa, mas alguns dos eurodeputados questionam agora se tomaram a decisão correta e Ursula von der Leyen já teve até de enfrentar uma , e ao que parece está a ser preparada outra para outubro pelo partido The Left, o mais à esquerda do parlamento. Os pedidos de mudança na liderança da Comissão vêm de quase todos os quadrantes políticos com, por exemplo Bas Eickhout, copresidente dos Verdes, a considerar que “este verão foi mau para a Europa” e pediu um discurso “claro” sobre como é que “as coisas precisam de mudar”. Enquanto os partidos mais à direita, que tiveram um grande aumento no número de deputados nas últimas eleições, pedem políticas mais duras para controlar a imigração e os liberais querem medidas económicas que permitam à UE aproximar-se dos Estados Unidos: “A Europa não se pode dar ao luxo da estagnação ou paralisação institucional”. Foram os socialistas e os liberais que não deixaram que Ursula von der Leyen caísse em julho, pelo que agora esperam ver o seu apoio retribuído através da construção de compromissos ao centro. No nível económico até era de esperar que existissem conquistas para assinalar, devido às iniciativas desencadeadas pelas conclusões do relatório do ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi, no entanto o Parlamento tem criticado a falta de progresso na implementação. Ao que parece apenas a família política de Ursula von der Leyen, o Partido Popular Europeu de centro-direita, a vai defender. Ainda assim os eurodeputados franceses, polacos e irlandeses têm criticado a Comissão por “não ser transparente” ao apressar a assinatura do acordo comercial Mercosul, com cindo países da América Latina enquanto negociava o pacto comercial dos Estados Unidos.
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