Novas revelações sobre Epstein deixam coroa britânica em alerta
Divulgação de documentos com referência a 187 pessoas traz novas revelações sobre o príncipe André. Haverá também mais menções a Ghislaine Maxwell.
A divulgação de documentos relativos ao caso de tráfico sexual levado a cabo durante anos por Jeffrey Epstein pode causar mais incómodos à família real britânica pelo surgimento de novos indícios que alegadamente ligam o príncipe André a uma das mulheres vítima de tráfico sexual pelo multimilionário norte-americano.
No total são quase 200 documentos legais relacionados com o caso de difamação contra Ghislaine Maxwell que serão disponibilizados em breve,não se sabe ainda quando. Esta divulgação acontece depois de um acórdão ter sido alvo de acordo fora de tribunal, tendo o jornalMiami Heraldapresentado uma petição para que os documentos fossem tornados públicos. A juíza nova-iorquina Loretta Preska deu razão aoHerald e ordenou a divulgação dos documentos em questão. Entre os documentos tornados públicos devem constar deposições, emails, documentos legais, entre outros.
É sabido que o nome do príncipe André está na lista e a coroa britânica está a preparar-se para responder, segundo a imprensa do Reino Unido. Giuffre acusou Epstein e Maxwell de a aliciarem a ter relações sexuais com o elemento da família real britânica. No processo contra o príncipe por "agressão sexual e imposição intencional de sofrimento emocional", Giuffre estabeleceu um acordo fora de tribunal no valor de 12 milhões de dólares (11 milhões de euros). Giuffre foi vítima de abusos sexuais entre 1999 e 2002, quando era ainda menor.
Segundo o jornal britânico The Telegraph, nos documentos deve constar o testemunho de Johanna Sjoberg, jovem que afirma ter estado com o príncipe Andrew e Giuffre, na sua casa em Nova Iorque, em 2001. Giuffre afirmou, na sua denúncia, que nesse encontro foi forçada a ter relações sexuais com o membro da família real britânica. O jornal refere que estes testemunhos agora revelados possam dar força à acusação feita por Giuffre e desmentir o filho de Isabel II que sempre desmentiu as mesmas.
Sjoberg declarou que foi apalpada por André numa festa na casa de Epstein em Manhattan, em 2001. O Palácio de Buckingham disse que as alegações eram "categoricamente falsas". Sjoberg contou que nessa festa foi apalpada enquanto estava sentada num sofá com o príncipe, Giuffre e um boneco do programaSpitting Image(uma espécie deContra Informaçãobritânico) com a imagem do príncipe. No seu depoimento, a mulher referiu que o boneco tinha a mão por cima do peito de Giuffre e que, para imitar a sua imagem, o príncipe Andrew colocou a sua mão sobre o peito de Sjoberg. Maxwell negou as acusações de ter oferecido o boneco ao príncipe e que não se lembrava do acontecimento descrito.
Até ao momento as 187 figuras que apareciam nos documentos legais referentes ao caso do magnata acusado de tráfico sexual eram tratadas apenas como "John Doe" e "Jane Doe" (nomes usados em países anglo-saxónicos para se referir a pessoas cuja identidade é desconhecida ou mantida em segredo). No entanto, desde esta terça-feira, 2 de janeiro, que os seus nomes já podem ser conhecidos depois da decisão da juíza Loretta Preska. Ainda não é certo quantos nomes serão revelados já que alguns nomes de vítimas serão mantidos secretos.
Segundo a investigação, Epstein levava as mulheres para as suas propriedades: uma mansão em Manhattan, outra em Palm Beach, uma ilha privada nas Ilhas Virgens Britânicas ou um rancho nos arredores da Santa Fé, no Novo México.
Os nomes figuram em depoimentos de Virginia Giuffre, uma das vítimas de Epstein que em 2015 processou Ghislaine Maxwell, socialite e associada de Epstein condenada por tráfico humano com fins sexuais,por difamação. O processo foi resolvido fora de tribunal com um acordo de valor não revelado.
Nos últimos dias alguns meios de comunicação têm avançado com nomes que constam dessa lista. Por exemplo: aABC Newsrefere que o nome do antigo presidente norte-americano Bill Clinton aparece cerca de 50 vezes. O antigo presidente norte-americano viajou várias vezes no avião de Jeffrey Epstein para Paris, Banguecoque ou Brunei depois de ter deixado a presidência. Afirma ter cortado laços com Epstein em 2005 e em 2019, quando o empresário foi preso, disse que nunca tinha estado nos locais para onde foram levadas as vítimas. Nos documentos não haverá nada que relacione Clinton a alguma prática criminosa, segundo os jornais norte-americanos.
Em dezembro de 2021, Ghislaine Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão por tráfico humano com fins sexuais. Jeffrey Epstein morreu em 2019, por suicídio. Depois da condenação de Maxwell, a justiça norte-americana considerou que o caso estava encerrado, pelo que não é provável que haja mais processos a ser abertos depois de a lista ser revelada.
Em abril deste ano, o Wall Street Journalrevelou o calendário privado de Jeffrey Epstein, que incluíam reuniões com pessoas como o diretor da CIA William Burns, da antiga conselheira da Casa Branca Kathryn Ruemmler, do realizador Woody Allen, do bilionário Bill Gates ou do ativista Noam Chomsky.
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