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Norte de Gaza não tem nenhum hospital a funcionar, alerta OMS

Andreia Antunes com Leonor Riso 21 de dezembro de 2023 às 11:30

Apesar das negociações sobre um novo cessar-fogo em Gaza, o Hamas não está disposto a discutir a libertação de novos reféns até que Israel termine a sua ação militar em Gaza e aumente a ajuda humanitária no enclave.

No norte de Gaza, já não existe um hospital que funcione devido à falta de combustível, de equipas médicas e de materiais, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) esta quinta-feira.

Israel Defense Forces/Handout via REUTERS

"Não há hospitais funcionais no norte", referiu Richard Peeperkorn, representante da organização em Gaza, aos jornalistas. "Al-Ahli [hospital] era o último, mas agora está minimamente funcional."

Israel lançou a sua ofensiva no enclave há mais de 10 semanas com o objetivo de destruir o grupo terrorista Hamas, após o ataque a 7 de outubro que fez mais de 240 reféns e mais de 1.200 mortos. Desde então, Israel tem efetuado ataques terrestres e aéreos contra a Faixa de Gaza que já causaram mais de 20 mil mortos, confirmou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Devido à destruição, cerca de 2,3 milhões de habitantes de Gaza perderam as suas casas, tendo deixado muitas pessoas subnutridas, com carência de água potável e cuidados médicos.

Negociações para um novo cessar-fogo

Estão a decorrer negociações "muito sérias" sobre o novo cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns israelitas, afirmaram os Estados Unidos, apesar das perspetivas de um acordo permanecerem incertas uma vez que o Hamas insistiu que não discutiria nada menos do que o fim total da ofensiva de Israel em Gaza.

Ismail Haniyeh, líder do Hamas, visitou o Egito esta quarta-feira para discutir com funcionários egípcios que estão a tentar mediar uma nova trégua. Os enviados estão a discutir os reféns ainda mantidos pelos militantes no enclave e que prisioneiros palestinianos em Israel poderiam ser libertados em troca dos israelitas.

Esta visita de Ismail Haniyeh ao Egito foi uma rara intervenção pessoal na diplomacia. A última vez que se deslocou ao Egito foi no início de novembro antes da primeira e única pausa humanitária que permitiu a libertação de cerca de 110 reféns do Hamas.

"Estas são discussões e negociações muito sérias e esperamos que conduzam a algum lado", disse John Kirby, o porta-voz da Casa Branca.

Apesar dos esforços para as novas tréguas, Taher Al-Nono, assessor de imprensa do líder do Hamas, disse que o grupo terrorista não está disposto a discutir a libertação de novos reféns até que Israel termine a sua ação militar em Gaza e aumente a ajuda humanitária no enclave, rejeitando assim, quaisquer negociações com Israel até a um cessar-fogo permanente.

"A questão dos prisioneiros pode ser negociada depois de estas duas questões estarem resolvidas, não podemos falar de negociações enquanto Israel continuar a sua agressão", afirmou Taher Al-Nono, acrescentando que "a discussão de qualquer proposta relacionada com os prisioneiros deve ocorrer após a cessação da agressão".

Israel também excluiu a possibilidade de um cessar-fogo permanente e afirma que apenas concorda com as pausas humanitárias, insistindo na libertação de todas as mulheres e homens doentes que ainda restam entre os reféns, até que o Hamas seja derrotado.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, repetiu esta quarta-feira que a guerra só terminará quando todos os reféns forem libertados, o grupo terrorista for erradicado e quando Gaza deixar de representar uma ameaça para Israel.

"Quem pensa que vamos parar está desligado da realidade, todos os terroristas do Hamas, do primeiro ao último, são homens mortos a andar", afirmou o primeiro-ministro.

Os Estados Unidos, que são o aliado mais próximo de Israel, intensificaram os apelos na semana passada para que Israel reduza a sua guerra total para uma campanha concentrada contra os líderes do Hamas e que acabe com os "bombardeamentos indiscriminados", que causaram várias mortes civis.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esta quarta-feira que não esperava que um segundo acordo entre Israel e o Hamas para a libertação de reféns fosse alcançado em breve. "Estamos a pressionar", comentou.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá votar esta quinta-feira uma proposta para aumentar a ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Esta ajuda tem vindo a aumentar gradualmente nos últimos dias, após a abertura de uma segunda passagem para o enclave.

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