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Maduro vs. Trump: o que levou ao eclodir do conflito?

Luana Augusto 05 de setembro de 2025 às 17:25

Trump ordenou o envio de 10 jatos e uma frota de navios para o Caribe. Além disso, os EUA estão a oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares por informações que levem à detenção de Maduro. O que está por detrás do conflito?

Depois de os Estados Unidos terem atacado um que transportava "narcoterroristas do [gangue] " e de ter sido anunciado o envio de uma frota de navios militares para a América do Sul, agora foi a vez de Donald Trump ter ordenado o envio de 10 jatos F-35 para o Caribe para a realização de operações contra cartéis de drogas, noticiou esta sexta-feira a agência de notícias Reuters.
Tensão EUA-Venezuela: Trump ordena envio de jatos para o Caribe e oferece recompensa por Maduro DR
"Há muito tempo que temos muitas drogas a entrar no nosso país e elas vêm da Venezuela e em grandes quantidades", justificou na terça-feira aos jornalistas o presidente dos EUA.

Inimigos de longa data

Os Estados Unidos e a Venezuela não mantêm relações diplomáticas bilaterais formais desde 2019 - no primeiro mandato de Donald Trump. E mesmo já depois do ex-presidente Joe Biden ter entrado para o poder, em 2021, os laços entre o governo americano e venezuelano continuaram rompidos. Segundo a rádio alemã DW, este rompimento ocorreu quando a Casa Branca reconheceu o então líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino do país. "Amanhã queremos dizer isto em nome do povo americano: estamos com ustedes. Estamos convosco, e estaremos convosco até que a democracia seja restaurada e que vocês reclamem o vosso direito à libertade", disse na altura o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, num vídeo partilhado na sua rede social X.  "A crise na Venezuela vai piorar até que a democracia seja restaurada. É por isso que os Estados Unidos apoiam a Assembleia Nacional e o Sr. Guaidó. Nicolás Maduro não tem legitimidade para se manter no poder. Nicolás Maduro tem de se ir embora."
Na altura, os EUA chegaram até a impor sanções contra Caracas e Trump sugeriu que uma intervenção militar poderia mudar o regime na Venezuela. "Todas as propriedades e interesses em propriedade do governo da Venezuela que estão nos Estados Unidos estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou de outra forma negociados", diz a ordem executiva assinada por Trump. Já a 18 de julho deste ano, os EUA e a Venezuela fizeram uma troca de prisioneiros - onde cerca de 250 venezuelanos que estavam retidos numa prisão de alta segurança em El Salvadora foram deportados para o seu país de origem. Na altura, esta notícia chegou até a levantar a hipótese de uma possível reconciliação entre ambos, mas rapidamente a situação se voltou a deteriorar. Uma semana depois, o governo norte-americano classificou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista internacional e sugeriu que a mesma era liderada pelo atual presidente venezuelano Nicolás Maduro. Justificou  esta decisão por se tratar de uma ameaça à paz e segurança dos EUA. "O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela, é um cartel narcoterrorista. Maduro, na visão deste governo, não é um presidente legítimo, é um chefe fugitivo deste cartel, indiciado nos Estados Unidos por tráfico de drogas", afirmou na terça-feira a porta-voz a Casa Branca,  Karolinne Leavitt. A 7 de agosto, o Departamento de Estado dos EUA também multiplicou a sua recompensa por informações que levassem à detenção de Nicolás Madura, deixando por isso de oferecer 25 milhões de dólares (21 milhões de euros) para passar a oferecer 50 milhões de dólares (42 milhões de euros). No dia a seguir, a procuradora-geral norte-americana, Pamela Bondi, publicou um vídeo na rede social X a acusar o presidente venezuelano de ser um dos maiores líderes mundiais do narcotráfico e de colaborar com os cartéis de droga Tren de Aragua e Cartel de Sinaloa.
Segundo a DW, a autorização dada por Trump para que o Pentágono atue nos cartéis de droga da América Latina trazem indícios de que o presidente dos EUA poderá tentar agora reativar a Doutrina Monroe, criada no século XIX para afirmar a hegemonia dos EUA sobre as Américas, que serviu de pretexto para golpes militares. No governo de Barack Obama, a Casa Branca já havia anunciado que esta doutrina estava "morta".
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