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Madeirenses querem deixar a Venezuela

01 de abril de 2017 às 09:43

Casas, negócios, uma vida. Apesar de estarem há muitos anos na Venezuela, cada vez mais madeirenses pensam abandonar o país, que vive uma grave crise

A situação de crise económica, política e social que se vive na Venezuela está a obrigar a que cada vez mais madeirenses pensem em voltar pesando, na decisão, perder os bens de uma vida.

Gilda Ferreira esteve 55 anos emigrada na Venezuela e recentemente esteve naquele país para tratar da "pensão do Estado", tendo voltado com a certeza de que lhe basta vender um apartamento para nunca mais voltar. "Tenho um apartamento e fui lá para tratar dos papéis necessários para o vender e depois não voltar", confessou, justificando a decisão com a situação que se agrava e que está "muito má para conseguir comida", mesmo tendo emprego.

Refere ter conhecimento de que "muita gente anda a tratar dos papéis para poder voltar" à Madeira ou até para assegurar "a nacionalidade portuguesa aos filhos", porque estão "desesperados".

A família que ainda tem na Venezuela está a pensar regressar, mas retornar depende do balanço que se faz entre deixar tudo para trás, ou esperar por melhores dias. "Há uns que têm dúvidas porque têm negócios, casas, e não conseguem vender e não sabem o que fazer", explica, referindo também a falta de dinheiro para sair do país.

Viviana Gomes tem 26 anos, está na Madeira há um ano e meio e saiu da Venezuela quando "as coisas já não estavam boas" para vir estudar na universidade local.

Mantém contacto com a família que se mantém no país e refere que os pais só esperam uma oportunidade para sair. "Eles ainda estão lá e estão para sair porque também não é fácil sair, porque na Madeira também há falta de emprego e eles já têm mais de 50 anos", explica, referindo que os pais estão "desejosos" de retornar nem que seja "para outro país europeu".

Reconhece que a situação "está cada vez pior, com cada vez mais escassez de alimentos, de medicamentos, de tudo o que se ouve dizer".

Em situação semelhante está Fátima Freitas que ainda com família na Venezuela teve, esta madrugada, de contactar os familiares para saber o que se passava e também reconhece que sair não é tarefa fácil. "Não se consegue dólares preferenciais, não se arranja maneira de conseguir euros para viajar e os preços das passagens estão muito elevados", explica, para além de que quem queira sair tem de pensar se deixa para trás o local onde vive e o negócio de vida.

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