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Kiev pronta para negociar diretamente com Moscovo mas só após trégua

Lusa 22 de abril de 2025 às 22:53

O diálogo com a Rússia depende de Steve Witkoff, empresário promovido a negociador-chefe de Donald Trump, que é esperado em Moscovo antes do final da semana para aquela que será a sua quarta viagem à Rússia desde o relançamento das relações russo-americanas iniciado em meados de fevereiro pelo presidente republicano.

A Ucrânia está pronta para manter negociações diretas com Moscovo para acabar com a invasão russa, o que seria a primeira vez desde 2022, mas só depois de um cessar-fogo entrar em vigor, adiantou hoje Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

ASSOCIATED PRESS

Norte-americanos, ucranianos e europeus deverão discutir em Londres, na quarta-feira, o cessar das hostilidades na Ucrânia, após mais de três anos de guerra.

"Após um cessar-fogo, estamos prontos para nos sentarmos [para negociações], em qualquer formato", garantiu Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa em Kiev.

No dia anterior, o seu homólogo russo, Vladimir Putin, tinha mencionado um possível retomar das negociações diretas com a Ucrânia para discutir uma trégua limitada aos ataques às infraestruturas civis.

As últimas conversações diretas entre representantes russos e ucranianos ocorreram na primavera de 2022, no início da invasão liderada pelo Kremlin, e terminaram em fracasso.

Washington, por sua vez, está a manter discussões separadas com Kiev e Moscovo.

O diálogo com a Rússia depende de Steve Witkoff, empresário promovido a negociador-chefe de Donald Trump, que é esperado em Moscovo antes do final da semana para aquela que será a sua quarta viagem à Rússia desde o relançamento das relações russo-americanas iniciado em meados de fevereiro pelo presidente republicano.

As negociações com Kiev estão a ser lideradas por outro enviado dos EUA, Keith Kellogg, que representará os Estados Unidos em Londres na quarta-feira.

Donald Trump "está cada vez mais frustrado com ambos os lados desta guerra, e deixou isso bem claro", frisou hoje a sua porta-voz, Karoline Leavitt.

Volodymyr Zelensky indicou hoje estar pronto para se encontrar com Trump no Vaticano, onde ambos deverão comparecer no funeral do Papa, marcado para sábado. Seria o seu primeiro encontro desde uma discussão particularmente acesa em fevereiro na Casa Branca.

O governante ucraniano esclareceu que Kiev não mantém negociações com os Estados Unidos sobre nova ajuda militar e estava a receber do país apenas a assistência prestada pelo ex-presidente norte-americano, Joe Biden.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou, por sua vez, que "a questão dos acordos é tão complexa que seria errado impor limites rígidos e tentar estabelecer um prazo curto para um acordo, um acordo viável — seria uma tarefa ingrata".

Sem pressa, o presidente russo mantém as suas exigências maximalistas, incluindo uma capitulação de facto da Ucrânia, que esta renuncie à adesão à NATO e que as cinco regiões ucranianas sejam anexadas. Todas estas são condições inaceitáveis para Kiev e os seus aliados — em primeiro lugar, os europeus.

Entretanto, Odessa, no sul da Ucrânia, foi alvo de um "ataque maciço" de drones russos durante a madrugada de hoje, ferindo pelo menos três pessoas, de acordo com uma nota do chefe da administração regional, Oleh Kiper, na sua página na rede social Telegram.

Também hoje, a Rússia atingiu a cidade de Zaporijia, no sul, com duas bombas planadoras — uma arma soviética adaptada que há meses tem sido utilizada para devastar o leste da Ucrânia.

O ataque matou uma mulher de 69 anos e feriu 24 pessoas, incluindo quatro crianças, segundo o governador regional Ivan Fedorov.

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