Secções
Entrar

Já só a Alemanha resiste à "bomba atómica" de expulsar a Rússia do sistema SWIFT

Maria Henrique Espada 26 de fevereiro de 2022 às 18:08

Ao longo da noite de 25 de fevereiro e de 26, vários países europeus que ainda estavam reticentes mudaram de posição sobre retirar o regime de Putin do sistema internacional de transações bancárias. A imprensa alemã escreve mesmo que agora, na UE, "já só a Alemanha ainda" resiste a esta medida drástica.

O diário alemão Die Zeitescrevia à hora de almoço, num tom crítico: "Já só a Alemanha resiste." Neste momento, há notícias de que mesmo os EUA estão a ponderar a sanção económica mais drástica, depois de vários parceiros europeus que inicialmente não se mostraram favoráveis à expulsão da Rússia do sistema SWIFT terem mudado de posição. Nas últimas horas, vários países, como a Hungria, Chipre, Itália e República Checa mudaram, um a um, a sua posição. Os mais surpreendentes terão sido a Hungria, cujo presidente, Viktor Orbán, manteve relações de proximidade com Putin, e a República Checa, com dependência praticamente total do gás russo. 

Os Estados Bálticos, assim como a Polónia, pediram desde o início da invasão a expulsão imediata da Rússia do sistema SWIFT. Neste momento, na União Europeia, só as autoridades alemãs mantêm uma linha de resistência. O discurso oficial tem sido o de que o país admite a possibilidade, mas pretende "calcular o custo para os seus próprios cidadãos", de acordo com uma fonte do governo alemão citada pela agência Reuters. Na quinta-feira, o chanceler Olaf Scholz tinha dito que preferiria deixar a hipótese de cortar a Rússia do SWIFT para mais tarde, justificando que deveria ser "reservada para uma altura em que possa ser necessário fazer também outras coisas". 

A mudança de posição de outros Estados europeus pode ter sido ditada pela pressão interna das respetivas opiniões públicas face à hesitação inicial das lideranças. O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros Dmytro Kuleba reagiu na quinta feira à ausência de decisão sobre a "bomba atómida" financeira sobre a Rússia dizendo que "quem duvidar de que a Rússia deve ser banida do sistema SWIFT tem de perceber que o sangue de homens, mulheres e crianças ucranianos inocentes também estará nas suas mãos". Já na sexta feira, 25, foi o ministro da defesa Oleksii Reznikov a pedir aos europeus para partilharem o que se passa na Ucrânia no espaço mediático "da Hungria , da Itália e da Itália" - os derradeiros resistentes à sanção mais grave. Já depois disso, quer a Itália quer a Hungria vieram de facto a mudar de posição. 

Falta ainda a Alemanha. Mas é uma falta de peso, da maior economia europeia. Este sábado teve lugar uma manifestação de protesto junto à embaixada alemã na Lituânia, por causa desta posição. Uma petição endereçada a Scholz para que mude de posição recolheu rapidamente perto de 50 mil assinaturas. A petição, na plataforma change.org. diz que "agora não é o momento de políticas de apaziguamento (...) e isso inclui sanções massivas." 

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela