Secções
Entrar

Israel está a cometer genocídio em Gaza, dizem maiores especialistas mundiais neste crime

Sofia Parissi 01 de setembro de 2025 às 17:39

A Associação Internacional de Académicos do Genocídio (IAGS) apela a que Israel "cesse imediatamente todos os atos que constituem genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade contra os palestinianos em Gaza".

A maior associação académica mundial de especialistas em genocídio aprovou uma declaração a afirmar que Israel está a cometer o crime em Gaza, de acordo com os critérios legais. Oitenta e seis por cento dos 500 membros da Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS) apoiaram a declaração e afirmaram que as "políticas e ações de Israel em Gaza" cumpriam a definição legal estabelecida no Artigo II da convenção da ONU de 1948 sobre genocídio, afirmou a presidente, Melanie O'Brien, esta segunda-feira. 
Especialistas denunciam genocídio de Israel em Gaza, perante destruição e população afetada AP Photo/Jehad Alshrafi
A associação reconhece que as "ações do governo israelita contra os palestinianos incluíram tortura, detenções arbitrárias e violência sexual e reprodutiva; ataques deliberados a profissionais de saúde, trabalhadores humanitários e jornalistas; e a privação deliberada de alimentos, água, medicamentos e eletricidade essenciais à sobrevivência da população". A Convenção da ONU sobre genocídio de 1948, criada após o Holocausto, define genocídio como ações cometidas "com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso". De acordo com a agência Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel manifestou-se e afirmou que estas declarações são "totalmente baseadas em mentiras do Hamas". Israel enfrenta neste momento acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça e, em 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o antigo ministro da defesa de então Yoav Gallant por crimes contra a humanidade e alegados crimes de guerra em Gaza. O mandado de prisão para o chefe do Hamas, Mohammed Deif, foi retirado após a sua morte em julho de 2024.  A declaração da IAGS, com três páginas, também apela a que Israel "cesse imediatamente todos os atos que constituem genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade contra os palestinianos em Gaza, incluindo ataques deliberados e assassinatos de civis, incluindo crianças; fome; privação de ajuda humanitária, água, combustível e outros itens essenciais à sobrevivência da população; violência sexual e reprodutiva; e deslocamento forçado da população". Além disso, refere-se ao ataque a Israel liderado pelo Hamas, a 7 de outubro de 2023, como crime internacional. Desde desse dia, morreram perto de 63 mil pessoas em Gaza. "Esta é uma declaração definitiva de especialistas na área dos estudos sobre genocídio de que o que está a acontecer no terreno em Gaza é genocídio", disse a presidente da associação, em declarações à Reuters. A IAGS, fundada em 1994, aprovou até hoje nove declarações que reconhecem episódios passados e episódios em curso como genocídios.
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela